UBERLÂNDIA, TRIÂNGULO MINEIRO – Segundo reportagem publicada pelo jornalista por Vinícius Lemos, do jornal Correio de Uberlândia, Em dois anos, pelo menos 27 mulheres foram mortas em Uberlândia, de acordo com levantamento.
O caso mais recente aconteceu na madrugada de ontem, quando a comerciante Maria da Paz Barbosa Silva, de 35 anos, foi baleada no bairro Jardim Patrícia, zona oeste da cidade. O ex-marido dela é suspeito de ter cometido o crime. Do total dos assassinatos de mulheres no Município desde o ano passado, 14 tiveram como suspeitos ou acusados formais maridos, namorados ou antigos companheiros das vítimas.
A última morte teria acontecido porque o principal suspeito, o também comerciante Cícero Bezerra da Silva, não aceitou o fim do relacionamento de mais de 20 anos com a ex-esposa Maria da Paz Barbosa. Eles estavam separados há cerca de um mês e, nos últimos dois ele teria procurado a antiga companheira, mas não conseguido se reconciliar.
A comerciante foi assassinada após sair de um bar na avenida José Fonseca e Silva, às 2h de ontem. Segundo registro da Polícia Militar, a filha de Maria da Silva teria ligado informando que o suspeito a havia procurado em casa, no bairro Shopping Park, na zona sul. A vítima e uma amiga chegaram a ver o suspeito com carro estacionado em frente ao bar. Quando deixavam o local de moto, elas foram perseguidas e o suspeito aproximou e atirou. Oito disparos teriam atingindo a comerciante.
Familiares e amigos conversaram com a reportagem do CORREIO e disseram que a atitude de Cícero Bezerra não condizia com a personalidade do homem. Segundo eles, ainda que o casal tivesse brigas, não havia um histórico de violência. A delegada de Mulheres, Ana Cristina Marques Bernardes, informou que não há registros policiais entre o casal. A vítima tinha duas filhas com o suspeito, sendo um de 16 anos e outra de 4 anos, além de um neto de 2 anos.
Assassinatos
Nesse ano, houve 12 assassinatos de mulheres em Uberlândia, dos quais seis envolvem a investigação de crimes passionais. No ano passado, de um total de 15 mortes violentas de mulheres, oito tiveram como suspeitos atuais ou antigos companheiros.
Histórico
A delegada da mulher em Uberlândia, Ana Cristina Marques Bernardes, explicou que o mais comum em casos de feminicídio é que haja a violência antes mesmo do assassinato em si. “Contudo, a violência doméstica envolve uma série de dependências, como a financeira, que muitas vezes leva as mulheres a não denunciarem o companheiro mesmo depois do caso registrado. Em casos de ameaça, dano ou estupro, por exemplo, necessitam da manifestação das vítimas”, afirmou a delegada.
Dessa forma, muitas vezes, as medidas protetivas não são aplicadas. Do outro lado, em casos de assassinatos, segundo Ana Cristina Bernardes, muitas vezes os autores alegam que se defenderam de ataques anteriores ou que houve algum acidente.
Avaliação
O juiz da 2ª Vara Criminal Joemilson Donizete Lopes avalia a legislação como dura na punição de crimes contra a mulher. Ele é um dos responsáveis por julgar casos de violência em âmbito familiar, exceto no caso de homicídios. Contudo, ele disse que, para trazer efetividade a medidas protetivas, falta à comarca a chamada tornozeleira eletrônica. “Ela possibilita o monitoramento do réu e evita que ele burle as medidas que o mantém afastado da mulher”, disse.
Joemilson Lopes encoraja as mulheres a fazerem cada vez mais denúncias em casos de crimes e explica que a legislação mantém os condenados em cumprimento de suas penas integralmente em regime fechado.