Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia deflagrou, nesta terça-feira (19), uma operação contra corrupção, associação criminosa, roubos, falsidade ideológica e outros crimes em Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná. Até as 11h55, 75 pessoas já foram presas, entre elas 39 policiais civis, sendo nove delegados.
Segundo informações do Ministério Público Estadual (MPE), são cumpridos 200 mandados de prisão preventiva contra 136 pessoas (sendo que há investigados contra os quais foi expedido mais de um mandado de prisão preventiva). Entre os alvos estão delegados de Polícia Civil, chefes de departamento, escrivães, investigadores, empresários, advogados e traficantes.
Entre os presos estão dois delegados-chefes de departamento, sendo Hamilton Tadeu Lima, do 9º Departamento de Polícia Civil de Uberlândia e Elber Barra Cordeiro, do 10º Departamento de Patos de Minas; a delegada regional de Araguari, Mary Simone Reis; e ex-chefe de departamento, Samuel Barreto. A lista oficial com os nomes de todos os envolvidos não foi divulgada pelos orgãos oficiais.
A Corregedoria da Polícia Civil, por meio da assessoria de imprensa em Belo Horizonte, esclareceu que participou e continua apoiando as investigações em curso. Informou, ainda, que lamenta o acontecido e ressalta que não compactua com desvios de conduta funcional, determinando que os envolvidos fossem exonerados dos seus cargos de confiança.
A Chefia de Polícia determinou que o Órgão Corregedor da Polícia Civil de Minas Gerais instaure sindicâncias administrativas para apuração dos fatos, respeitando sempre os princípios constitucionais vigentes. Sobre possível remanejamento de servidores e mudanças estruturais nas delegacias no decorrer das investigações, o órgão não respondeu.
Também foram expedidos 121 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor). Até as 12h haviam sido apreendidos cerca de R$ 50 mil em dinheiro, arma, munições aparelhos celulares, talões de cheque, mídias, relógios, correntes de ouro, um drone e documentos.
O cumprimento das ordens judiciais acontece em Uberlândia, Uberaba, Araguari, Patos de Minas, Patrocínio, Monte Alegre de Minas, Passos, Pouso Alegre, Araxá e Belo Horizonte. A ação também ocorre em Cuiabá (MT) e Cascavel (PR).
Os presos estão sendo conduzidos para o 17º Batalhão da Polícia Militar (BPM) em Santa Mônica em Uberlândia. A rua de acesso ao batalhão está interditada e liberada a passagem apenas para advogados e familiares dos envolvidos.
A ação conta com o apoio da Polícia Militar (PM), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Receita Estadual. Participam da operação cinco promotores de Justiça, auditores da Receita Estadual, 500 policiais militares e 150 policiais rodoviários federais. Os prédios das delegacias regionais de Uberlândia e Araguari foram alvo de buscas que contaram com o apoio da Receita.
Investigações
A operação, que recebeu o nome de “Fênix”, é um desdobramento de outras três operações distintas: Alibabá, Ouroboros e Efésios.
A Operação Alibabá é decorrente da Operação “Zeus”, deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais em setembro de 2015. As investigações levaram a duas denúncias pelos crimes de associação para o tráfico de drogas, tráfico ilícito de entorpecentes, associação criminosa, obstrução de Justiça, receptação, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, fraude processual, corrupção passiva e corrupção ativa.
Já a “Ouroboros” corresponde à segunda fase da Operação “100 Anos de Perdão” que resultou no oferecimento de sete denúncias envolvendo roubo agravado – emprego de arma, concurso de pessoas e restrição da liberdade das vítimas -, organização criminosa, associação para o tráfico de drogas, tráfico ilícito de entorpecentes, falsidade ideológica e porte e comércio ilegais de armas de fogo.
A Operação “Efésios” decorreu de acordos de delação premiada firmados pelo Gaeco de Uberlândia. Ela contempla 19 denúncias de organização criminosa, associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico ilícito de entorpecentes, porte e posse ilegal de arma de fogo, falsidade Ideológica, estelionato, receptação qualificada, falso testemunho e prevaricação.
G1