O dia 27 de novembro passou a ficar marcado na cabeça de muito torcedor do Atlético, principalmente após 2011. A data é marcada pela maior goleada já registrada na história do maior clássico do futebol mineiro, entre Atlético e Cruzeiro, Palestra naquela época. Em duelo disputado para 4 mil pessoas, o Galo venceu o seu rival, que na ocasião ainda era considerado a terceira força de Minas Gerais, por 9 a 2. 90 anos após este triunfo, a goleada, que por muito tempo passou despercebida por atleticanos e cruzeirenses, chegou a ganhar um ar de folclore, mas hoje já se ganhou uma nova proporção, principalmente para o lado alvinegro de BH.
Atlético-MG e Palestra Itália (que se transformou em Cruzeiro no ano de 1942) disputavam o Campeonato da Cidade de 1927, que contava com 11 clubes na disputa. Oito equipes de Belo Horizonte, dois de Nova Lima e um de Sabará. Disputada no formato de pontos corridos, o torneio, que equivale atualmente ao Campeonato Mineiro, tinha duas fases. Na primeira, todos se enfrentaram em turno único. Na segunda, os quatro melhores jogaram entre si, também em turno único, para decidir o campeão.
Na época, a disputa pelo título ficou entre Atlético, Palestra Itália, América e Villa Nova.
O segundo jogo entre Atlético e Palestra aconteceu no dia 27 de novembro de 1927, penúltimo duelo do campeonato. O confronto foi disputado no campo do América, então maior estádio de futebol de BH. Com o “trio maldito” em tarde inspirada, o Galo derrotou o Palestra por 9 a 2. A partida era disputada em dois tempos de 40 minutos. Os gols atleticanos foram marcados por Getúlio, Mário de Castro (2), Said (3) e Jairo (3). Ninão, com dois gols, descontou para o rival.
O SuperFC lembra curiosidades e fatos marcantes deste jogo, um dos mais importantes da historia do futebol mineiro e também do que se tornou o maior clássico de Minas Gerais, Atlético e Cruzeiro (Palestra Itália) naquela época.
9 verdades sobre a maior goleada:
Goleada e festa em ponto tradicional
A vitória do Atlético foi comemorada com um jantar no restaurante Guarany, em Belo Horizonte
Fim do decacampeão
A maior goleada ajudou o Atlético a quebrar hegemonia do decacampeonato do América. O Galo foi bicampeão mineiro
Registros para a história
A goleada histórica foi registrada na terça-feira, dois dias após o jogo, em quatro jornais mineiros “Correio Mineiro”, “Diário de Minas”, “Minas Geraes” e “Diário da Manhã”
Rival Cruzeiro parabenizou o Atlético pela goleada
Em telegrama a diretoria do então Palestra parabenizou o Galo pela goleada:
“ Dr. Moura Costa. Nome directoria felicito Athletico Mineiro brilhante victoria hoje.
(a) Arcelus, secretario.”
“Club Athletico Mineiro agradece gentileza telegramma felicitações victoria hontem e aperta affectuosamente a mão digno e leal adversario.
(a) Moura Costa, presidente.”
Mulheres ilustres na plateia
De acordo com os jornais da época, o duelo foi acompanhado por 4 mil pessoas presentes no Campo do América. Destaque para duas mulheres importantes. Nenem Alluoto e Horizontina Federiel, respectivamente, rainha e grã-duqueza dos esportes de Belo Horizonte naquela época.
Superstição evita foto
O então presidente atleticano não deixou que fossem feitas fotos do time antes da partida. Assim, o registro aconteceu apenas após o apito final, com todos em campo.
Doutor artilheiro
A goleada começou a escrever a história do “trio maldito”, formado por Said, Jairo e Mário de Castro, que marcaram oito dos nove gols atleticanos. Autor de dois tentos, Mário de Castro foi eternizado na história do clube pela fama de artilheiro e também por na época, ter se formado médico, algo comum no futebol ainda amador no Brasil.
Grande público no maior estádio
De acordo com registros dos jornais da época, a grande procura de público, para um esporte ainda iniciante e amador, fez com que o jogo fosse disputado no campo do América, local que comportava um maior público. O futebol, na época, ainda era disputado em campos não totalmente gramados.
Facilitou?
Autor dos gols do Cruzeiro, o atacante Ninão disse, anos depois da goleada, que o Palestra Itália diminuiu o ritmo ao ver que a vitória do Atlético estava consolidada. O clube queria encerrar a hegemonia de títulos do América, dominante até aquele momento.
Ficha Técnica
Atlético 9 x 2 Cruzeiro
Atlético: Perigoso, Chiquinho, Brant, Franco, Ivo, Hugo, Getulinho, Said, Jairo, Mário de Castro e Getúlio
Cruzeiro: Geraldo, Rizzo, Para-raio, Porfírio, Osti, Nininho, Piorra, Nani, Ninão, Bengala e Armandinho
Gols: Said (3), Mário de Castro (2) e Jairo (3) e Getúlio; Ninão (2)
Data: 27/11/1927
Árbitro: José Avelino
Público: 4 mil
Estádio: Campo do América
Motivo: Campeonato da Cidade