Vítima de três assaltos em três meses consecutivos, o gastrônomo Otávio, de 24 anos, faz parte de uma estatística que assombra os mineiros. A cada 5 minutos, em média, um aparelho de telefone celular é roubado ou furtado no estado. Por dia, são 315. Por hora, 13. De janeiro a outubro de 2016, 96.071 foram surrupiados dos donos. A estatística é da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e revela um salto de 35% em relação ao mesmo período de 2015, quando o total de ocorrências foi de 71.051.
Vítima de três assaltos em três meses consecutivos, o gastrônomo Otávio, de 24 anos, faz parte de uma estatística que assombra os mineiros. A cada 5 minutos, em média, um aparelho de telefone celular é roubado ou furtado no estado. Por dia, são 315. Por hora, 13. De janeiro a outubro de 2016, 96.071 foram surrupiados dos donos. A estatística é da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e revela um salto de 35% em relação ao mesmo período de 2015, quando o total de ocorrências foi de 71.051.
Em Belo Horizonte, a soma de roubos e furtos também avançou em mais de um quinto (20,3%) na mesma base de confronto. Os números preocupam pessoas como Otávio, que calcula ter amargado prejuízo de cerca R$ 4 mil com os três smartphones que lhe levaram. O primeiro criminoso cruzou o caminho dele em junho passado, numa das ruas mais movimentadas da capital. “Um homem armado me abordou na Rua da Bahia, Centro da capital”, conta. No mês seguinte, depois de um dia de labuta, o rapaz foi novamente parado, desta vez por uma dupla, próximo de casa, num bairro na Região Centro-Sul: “Chegaram numa moto e anunciaram o assalto”.
Ele mal havia se recuperado da segunda abordagem quando, em agosto, engrossou a estatística da Sesp. Mais uma vez, o criminoso portava uma arma. Otávio estava de carona com um amigo e foi surpreendido enquanto o motorista estacionava o carro. Além do celular de ambos, o ladrão levou o automóvel. Segundo o gastrônomo, não havia policiamento por perto em nenhuma das três vezes em que foi assaltado.
“Acredito que a falta de policiamento contribui para o aumento desse tipo de crime, em que aparelhos de celular viram alvos fáceis para os assaltantes. Eles não se sentem intimidados”, desabafou. Desde aquele dia, Otávio mudou hábitos comuns. Para não ter o quarto celular levado, ele evita passar em alguns locais que considera mais perigosos e passou a usar aparelhos antigos, sem grande valor.
Mas quais motivos fomentam as ocorrências de furtos e roubos de smartphones no estado? O major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), explica que este tipo de objeto tem grande valor entre os criminosos, pois serve como moeda de troca. “Os celulares são subtraídos e vendidos para terceiros, comercializados com preços mais baratos em pontos populares de comércio. Outro destino é a troca entre usuários de drogas e traficantes. Roubam e furtam para sustentar o vício. Quanto mais sofisticado o aparelho, maior o valor da troca”, analisou.
Para o oficial, o salto na estatística também está relacionado ao crescimento do acesso à compra de aparelhos e ao valor dos acessórios. O militar explica que os furtos são mais comuns em locais com grande aglomeração de pessoas. Já os roubos, em regiões mais ermas. De qualquer forma, continua o major, o usuário precisa dobrar a atenção em qualquer lugar. O policial considera a distração uma isca perfeita para a criminalidade. “Os aplicativos de acesso rápido prendem a atenção das pessoas, que saem teclando pelas ruas, virando um alvo fácil para infratores. Os proprietários precisam estar esclarecidos para fazer bom uso do aparelho”, disse o major.
A delegada Marina Cardoso, da 1ª Delegacia da Polícia Civil do Centro da capital, compartilha a opinião. “A maioria das vítimas relata desatenção. Há, por exemplo, caso de quem acionou um aplicativo especializado em transporte de passageiros e aguardou o veículo, na rua, com o aparelho em mãos”, disse a policial. Ela apresentou um dado que mostra o quanto o roubo e o furto de celulares estão em alta. Dos 20 inquéritos concluídos por sua equipe em que o criminoso foi preso em flagrante, 13 tiveram smartphones como alvos.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Roubos são a maioria
Por trás das estatísticas da Secretaria de Estado de Segurança Pública relativas a celulares, a constatação de que os criminosos recorrem, na maioria das vezes, à violência para retirar smartphones de seus donos. O número de roubos, espécie de crime em que a violência está presente, é maior do que o de furtos, quando a vítima não é agredida ou ameaçada. De janeiro a outubro de 2016, 53.788 celulares foram roubados no estado. No mesmo período, 42.283 foram furtados. Em 2015, 36.401 foram roubados. O total de furtados foi de 34.650. (PHL)
PM cria cadastro para inibir o crime
Usar a tecnologia para combater a modalidade de crime que tem a tecnologia como alvo. Usando a tática de combater fogo com fogo, a PM recorreu à internet para reforçar o combate ao crime envolvendo smartphones. Neste ano, a corporação criou o “Celular Seguro”, que permite identificar aparelhos roubados ou furtados. O usuário deve cadastrar no site específico o registro de identificação internacional de equipamento móvel (Imei, da sigla em inglês). Celulares de procedência duvidosa poderão ter o Imei comparado com os cadastrados na ferramenta, o que permite identificar o dono do aparelho. Para se cadastrar, basta acessar ww3.policiamilitar.mg.gov.br/48bpm/CelularSeguro.