Cercado de divergências e debates calorosos na comunidade internacional, o tema mudança climática sempre pareceu algo distante do cidadão comum. Autoridades e especialistas alertam sobre seus efeitos catastróficos, assinam acordos para redução das emissões de gases poluentes, mas pouco se fala sobre o papel que cada um de nós desempenha nesse processo, local e globalmente. O que temos a ver com isso? Como podemos contribuir para reverter ou minimizar essa situação?
A mudança global do clima é uma das principais ameaças à biodiversidade e já impõe novos limites aos ecossistemas. Embora muitos ainda tratem o problema como uma questão de longo prazo, os efeitos já se fazem presentes agora.
Segundo relatório apresentado na COP-23, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, o ano de 2017 atingiu recordes absolutos na frequência de eventos climáticos extremos, incluindo aumento do nível do mar, do número de tempestades, secas, inundações, incêndios e furacões. Se as projeções se confirmarem e a temperatura do planeta subir 3,2°C até 2100, cidades como Rio de Janeiro e Xangai podem sofrer inundações drásticas, redesenhando o mapa do mundo.
Diante desse cenário preocupante, o Inhotim consolidou-se como uma referência de instituição que reflete sobre o impacto de suas ações e age de forma “glocal”. O termo, cunhado pelo sociólogo Roland Robertson, é a junção das palavras “global” e “local” e refere-se à interdependência entre os dois contextos. Basicamente, significa que o que eu faço aqui reverbera lá, e vice-versa.
Localizado em Brumadinho, no interior de Minas Gerais, o Inhotim fez de seu espaço um local de conservação da biodiversidade, desenvolvimento de pesquisas e práticas ambientais, tudo isso aliado a seu acervo artístico. Nem todos sabem, mas o Inhotim é um jardim botânico com mais de 4.500 espécies de todos os continentes. Possui, ainda, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Todo esse espaço constitui um bem dos cidadãos e do mundo, um refúgio ímpar para fauna e flora que serve para gerar reflexão e produzir conhecimento e transformação.
Mais do que nunca, é preciso ampliar esse debate a todas as esferas da sociedade. Enquanto não entendermos onde estamos e para onde vamos, de nada adianta estadistas, líderes mundiais e cientistas selarem pactos pela sobrevivência do planeta.
Pensando nisso, o Inhotim realizou o Seminário Internacional Mudança Climática e Biodiversidade: Ideias e Atitudes que Fazem Diferença, entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro. O evento reuniu diversos especialistas com o intuito de sensibilizar o cidadão e apresentar ações inspiradoras que contribuam para o desenvolvimento sustentável.
Do combate ao desmatamento à economia de água e energia, a luta pela preservação de todas as formas de vida depende de nós. O primeiro passo – e mais importante – é a tomada de consciência. Temos que disseminar essa reflexão àqueles que nos rodeiam. Não podemos esperar que apenas o poder público e as grandes corporações tomem as rédeas do jogo. É preciso agir. E agora. Só assim podemos vislumbrar um futuro possível.