A prisão do general da reserva Walter Braga Netto pela Polícia Federal marca mais um capítulo sombrio no enfrentamento ao golpismo de Estado no Brasil. A operação, conduzida no Rio de Janeiro sob ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escancarou uma trama que já vinha sendo investigada com intensidade: a suposta participação de militares e seus auxiliares em articulações antidemocráticas.
Segundo relatos de investigadores, a reação de Braga Netto à prisão foi, no mínimo, intrigante. Com uma frieza calculada, ele não contestou o teor do mandado de prisão, limitando-se a cumprir as instruções dos agentes que executaram a ordem judicial. O comportamento reservado contrasta com a gravidade das acusações que pairam sobre ele.
De acordo com a Polícia Federal, a prisão foi decretada sob a acusação de obstrução de justiça. Além disso, buscas foram realizadas em endereços ligados a Braga Netto e ao coronel Peregrino, seu auxiliar direto, que também figura como investigado. A proibição de contato entre Braga Netto e outros envolvidos no caso reforça o nível de seriedade da investigação.
Uma caixa de vinho e planos sinistros
O caso ganhou contornos ainda mais alarmantes com as declarações do delator Mauro Cid, que revelou a entrega de dinheiro em uma caixa de vinho a indivíduos identificados como “militares kids pretos”, em um esquema que teria como objetivo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro Alexandre de Moraes.
Essas acusações elevam o episódio a um patamar aterrorizante, evidenciando a disposição de certos setores para atos extremistas contra a democracia brasileira.
O papel de Braga Netto no golpismo
A figura de Braga Netto não é nova no cenário político. Como ex-ministro da Defesa e ex-candidato à vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, ele já era visto como peça central em articulações de viés autoritário. Sua prisão, no entanto, é um divisor de águas, não apenas pelo impacto direto sobre as investigações em curso, mas também pelo simbolismo: um general da reserva sendo encarcerado em instalações militares sob a acusação de golpismo.
Esse episódio reforça a necessidade de vigilância constante por parte das instituições democráticas. A tentativa de obstrução das investigações e o envolvimento de militares em planos golpistas são ataques diretos à democracia que não podem ser tratados como exceções ou casos isolados.
A Democracia Não Pode Recuar
A frieza de Braga Netto ao ser preso pode ser interpretada de muitas formas. Para alguns, pode ser sinal de um indivíduo seguro de sua posição ou, talvez, de um cálculo frio que reflete a convicção de impunidade que ainda permeia setores golpistas. No entanto, para a sociedade brasileira, o episódio deve ser um alerta claro: as ameaças à democracia não desapareceram, e combatê-las exige força institucional, transparência e punição exemplar aos responsáveis.
Se a prisão de um general é um choque para alguns, para outros, é apenas o início de um acerto de contas necessário para garantir que a democracia brasileira se fortaleça diante das investidas autoritárias. Afinal, como já se provou ao longo da história, a liberdade exige vigilância constante.