No começo da década de 1970, o Triângulo Mineiro e o Sul de Goiás viveram momentos de terror, quando várias pessoas foram assassinadas em um curto espaço de tempo. Eram principalmente moradores da zona rural que, pegos de surpresa, perdiam suas vidas de maneira horripilante, com tiros, facadas e pauladas. Moças, rapazes, idosos, uma senhora já de idade e que não mais podia andar: aquela espécie de demônio não escolhia suas vítimas, não poupava ninguém e desaparecia sem deixar rastro. Alguns diziam que ele se transformava em um cupim, outros que virava um boi preto.
Centenas de policiais se juntaram para tentar prender o serial killer e trazer a paz de volta à região, mas foram semanas de perseguição sem sucesso.
A história do “Monstro de Capinópolis” é narrada com maestria pelo escritor Pedro Popó, um talento da nossa região. O livro tem apenas 100 páginas e você provavelmente o lerá de uma sentada só, porque a história prende a atenção por completo, principalmente por conta da personalidade intrigante de seu personagem principal. Imagine o que não virou este nosso Triângulo de quarenta anos atrás, todo pacato, com uma gente de bem que praticamente não conhecia violência e que, de repente, começou a sofrer ataques inexplicáveis que resultam em mortes brutais? Lendo o livro do Popó, eu fiquei pensando em como a história de Orlando Sabino, o tal “monstro”, seria um roteiro perfeito para um filme de suspense. Se estivéssemos nos Estados Unidos, tenho certeza de que o cinema não perderia um enredo desses, ainda mais se tratando de uma história real. E não é só por conta das mortes, nem mesmo pelo local inusitado onde elas aconteceram (a zona rural e pacata do interior do país), mas pela figura de quem as cometeu e também pela vida que se seguiu após a captura de Orlando Sabino. Há nesse roteiro desde o suspense dos crimes, o pânico da população, o lado policial da perseguição incansável, as filigramas de um julgamento, até o lado dos manicômios judiciais e da incapacidade de ressocializarmos nossos doentes mentais. Se eu fosse o Popó, tendo uma história tão incrível nas mãos e tão bem redigida, eu a enviaria nem que fosse para a Globo, pois no mínimo daria uma boa minissérie.
É isso. Não quis escrever a coluna desta semana sobre o livro “O Monstro de Capinópolis” por bairrismo, para enaltecer um escritor da região ou para prestigiar uma pessoa querida. Já tive em mãos muitas obras de pessoas até mais próximas que talvez não rendessem uma linha sequer de comentário. Escrevi porque gostei muito do livro e indico como uma leitura da qual tenho certeza que você vai gostar.
fonte: Dedo de Prosa