A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) vai trabalhar, em 2023, contra o estigma – ou preconceito – que cerca as pessoas com doenças mentais no Brasil. O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, afirmou que as pessoas têm medo de dizer que sofrem de algum transtorno mental para fugir, muitas vezes, do preconceito. E esse preconceito leva à criação do auto-estigma e, também, do estigma estrutural, e pode acabar levando ao suicídio. “É preciso acabar com a diferença, com os estigmas mentais”, assinalou.
Silva defendeu que haja políticas públicas de saúde mental e que remédios para doenças mentais, como antidepressivos, sejam vendidos na farmácia popular, facilitando o acesso de pessoas em situação de maior vulnerabilidade econômica. Ele lembrou que as doenças mentais constituem grande causa de afastamento do trabalho. Antes da pandemia da covid-19, citou que 5,8% da população brasileira tinham depressão. Agora, de acordo com a pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, o número evoluiu para 11,3% de brasileiros com sintomas depressivos.
Campanha
Antônio Geraldo da Silva informou que a Campanha Setembro Amarelo, da ABP, que visa a conscientização da sociedade contra o suicídio, será reforçada a partir do próximo ano. Em 1994, quando a campanha foi iniciada pela entidade, o Brasil registrava cerca de 9 mil suicídios por ano. Hoje, esse número subiu para 14 mil suicídios/ano registrados. Silva estimou, entretanto, que o número real de suicídios no país alcance em torno de 50 mil/ano, por meios diversos, como politraumatismos, envenenamentos e intoxicações.
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Violência e doença mental
Outra pauta de interesse da ABP para o próximo ano é a que trata de violência e doença mental, “porque 96% das pessoas que cometem violência não são doentes mentais”, afiançou. Segundo Silva, os doentes mentais não são violentos se forem tratados. “A percepção de violência da ABP é com álcool e drogas, que remetem à violência urbana.”
* A repórter Alana Gandra viajou a convite da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).