A Justiça de Minas Gerais condenou nesta quarta-feira (19) a 42 anos e 11 meses de prisão em regime fechado Jonathan Pereira do Prado, 34, pela morte da radiologista Kelly Cristina Cadamuro, 22, ocorrida em novembro do ano passado em Frutal (a 614 km de Belo Horizonte). Além disso, a sentença do juiz Gustavo Moreira o condenou a mais dois anos, 11 meses e sete dias em regime semiaberto.
A defesa de Prado informou que recorrerá ao Tribunal de Justiça. Uma das alegações é que a reconstituição do crime não foi feita de maneira integral. Segundo a acusação, Kelly tinha dado carona para Prado —combinada por meio do aplicativo WhatsApp— desde São José do Rio Preto (SP), distante 112 quilômetros da cidade mineira, em 1º de novembro. O destino seria Itapagipe (MG), 50 quilômetros após Frutal.
No local do crime, a rodovia MG-255, conforme a denúncia e o entendimento do magistrado, Prado assassinou a jovem para ficar com o veículo da vítima e ainda a “constrangeu sexualmente”. O laudo da reconstituição do latrocínio aponta que, após viajarem até a cidade mineira, Prado pediu que Kelly estacionasse o carro.
Em seguida, ela foi agredida e enforcada, de acordo com o Ministério Público Estadual. Num matagal próximo ao local, ainda com vida, ela foi estuprada, conforme a denúncia. O corpo de Kelly foi ocultado no dia seguinte, na zona rural de São José do Rio Preto, numa estrada rural sem calças, às margens de um rio.
Moreira, conforme o tribunal, entendeu que a participação de Prado na reconstituição do crime, seguida da confissão, não deixa dúvidas sobre a autoria dos crimes denunciados no inquérito policial. Além do principal acusado, outras duas pessoas foram condenadas por comprarem objetos da vítima, como telefone celular e rodas do carro. As penas variam de dois anos e oito meses de detenção a três anos e quatro meses de reclusão.
Kelly, que visitaria o namorado, engenheiro, em Itapagipe, juntava recursos para se casar. Por isso, buscava economizar dando carona paga nas viagens.
RECURSO
Advogado de Prado, Marcio Roberto Ferrari disse que vai recorrer da decisão para pedir a absolvição de seu cliente. Segundo ele, o condenado não assume mais a autoria do crime. “Quando assumiu, foi sob tortura. Em depoimentos, nenhuma vez ele assumiu a autoria”, disse.
O defensor afirmou ainda que um dos argumentos que usará é o de que a reconstituição da morte de Kelly deveria ter sido integral, não apenas parcial. “Deveria ter começado em Rio Preto e terminado onde ocorreu a morte, mas ela foi feita só no local do homicídio. Não pode ser parcial, mas integral, teria de refazer todo o caminho.”