A nove dias da data estabelecida para o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, alunos e trabalhadores do aeródromo entregaram manifestações individuais à Procuradoria da República em Minas Gerais, em defesa do local e pedindo que o prazo seja estendido, para que todos possam se preparar para a mudança. O ato aconteceu na tarde desta quarta-feira (22/3) em frente ao Ministério Público Federal, em BH.
Estavam presentes alunos das escolas aeronáuticas, mecânicos, pilotos, instrutores de voo, faxineiros e demais trabalhadores do aeroporto. Segundo a assessoria do local, o prazo estipulado pela prefeitura para fechar o aeroporto é insuficiente e os hangares estão cheios, inclusive, com aeronaves desmontadas para manutenção. Mesmo que conseguissem finalizar os reparos, é necessário retirar os itens e ir para um local que tenha pista de pouso e decolagem.
Outro ponto levantado pelo grupo é a presença de alunos de vários cursos ligados à aviação, que precisam do espaço para fazer aulas práticas, treinar e tirar carteiras de pilotagem. Muitos são estudantes pelo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e não tem condições de arcar com aulas em outras cidades que tenham aeroportos de treinamento, como Divinópolis e Pará de Minas.
É o caso de Ana Carolina Moura, funcionária e aluna VelAir, uma escola de aviação civil que funciona no Carlos Prates. "Vim de Januária, no Norte de Minas, para estudar. Formei em Ciências Aeronáuticas com auxílio do Fies. Na época, eu optei por não pegar as horas de voo, porque achei que seria muito complicado. Consegui fazer estágio VelAir, e depois fui contratada para a parte administrativa e pude conciliar com as aulas de pilotagem, para tirar a minha primeira carteira".
"O fechamento do aeroporto atinge gravemente a minha vida, pois trabalho em BH, não tenho condições de treinar em outra cidade, até por que, também pago o Fies com esse dinheiro. Ainda preciso de mais um ano de aulas. Esse fechamento significaria o fim da minha carreira aeronáutica", afirma.
Para o piloto e aluno Samuel Peroni, é importante apoiar os estudantes e fazer uma pesquisa sobre os impactos e avaliação do risco do aeroporto. "Concluí uma fase da formação de piloto e agora estou cursando outra. Minha aviação é recreativa, porque já fiz duas carreiras na minha vida e o Carlos Prates foi instrumento da realização de um sonho, que é aprender a pilotar avião".
"Estou nessa campanha de corpo de alma, muito mais pelos jovens, que tem todo um futuro pela frente. Avião não é só coisa de elite, tem gente da universidade que estuda com Fies e a retirada das escolas do aeroporto, vai trazer uma dificuldade muito grande para a formação desse pessoal. Por isso, nossa expectativa é que seja feito um estudo sério sobre os impactos e avaliação do risco do aeroporto".
"E se esse risco seria suficiente para retirar toda uma estrutura que está pronta, edificada e consolidada em BH, embora ele exista, seja pequeno, e deve sempre ser minimizado. As soluções que estão sendo apontadas (aeroportos de Pará de minas e Divinópolis), não atendem ao público que utiliza o aeroporto aqui. São muitas funções que não tem como mudar da noite pro dia", finaliza.