Nos próximos dias, abastecer com álcool vai voltar a ficar mais vantajoso do que com gasolina em Minas Gerais. Essa redução já deveria ter começado, pois o preço pago ao produtor já está caindo e, nas últimas quatro semanas, ficou 13% mais baixo: caiu de R$ 1,90 para R$ 1,64. No entanto, essa queda de R$ 0,26 ainda não chegou às bombas mineiras que, no mesmo período, registraram aumento de 1,4%, de R$ 3,17 para R$ 3,22.
Se o corte for integralmente repassado, o etanol vai custar menos de R$ 3 no Estado e o preço médio, que hoje corresponde a 71,8% do valor da gasolina, cairá para algo em torno de 66%. Segundo o mercado, o álcool vale mais a pena quando custa menos de 70% da gasolina.
Pelos cálculos do presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, a redução é ainda maior e, com base em valores atualizados nessa quarta-feira (11), pode chegar a R$ 0,35 por litro, o que derrubaria o preço médio em Belo Horizonte para R$ 2,86, o equivalente a 65,1% do custo médio da gasolina.
“Ainda não vimos essa queda nas bombas, mas nas próximas semanas o etanol vai ficar mais competitivo. Devemos lembrar que o produtor é apenas um elo na cadeia. Ele vende para as distribuidoras, que repassam para os postos”, ressalta Campos.
O representante do Sindicato do Comércio Varejista dos Revendedores de Derivados de Petróleo (Minaspetro), Márcio Soares, confirma que os consumidores devem ver os preços caírem nos próximos dias. “A queda mais significativa no etanol aconteceu na última semana. Para repassar para o consumidor, os postos dependem do repasse das distribuidoras e também dos estoques, mas isso não deve demorar”, destaca Soares.
A justificativa para o etanol mais barato está na safra de cana-de-açúcar, que começou no dia 1º de abril. “A expectativa para este ano é colher 65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no Estado, algo semelhante ao ano passado. Devemos produzir 3 bilhões de litros de etanol, um novo recorde para Minas Gerais”, explica Campos.
O presidente da Siamig acredita que o etanol é mais competitivo e recomenda que os motoristas façam o teste. “Estamos derrubando o mito de que para valer a pena o preço tem que ser 70% do custo da gasolina. Já temos pesquisas que indicam que essa relação é de 75%, mas vai depender da tecnologia de cada carro e da forma de dirigir de cada um”.
Refinaria. A Petrobras anunciou que o preço médio do litro da gasolina A passa a R$ 1,6968 a partir desta quinta-feira (12), alta de 0,8%. O valor médio do litro do diesel A também vai subir 2%.
Fazendo as contas para abastecer
Em Minas Gerais
Preço médio do litro do etanol (para o produtor) caiu de R$ 1,90 para R$ 1,64 entre 11 de março e 6 de abril
Nas últimas quatro semanas, o preço nas bombas subiu de R$ 3,17 para R$ 3,22
Em Belo Horizonte
Nas últimas quatro semanas, o preço médio do etanol subiu de R$ 3,18 para R$ 3,21.
Atualmente, o etanol (R$ 3,21) é 73,1% do custo da gasolina (R$ 4,39). Se o repasse de R$ 0,26 for integral, cairá para 67%
Metade do preço vai para cofres públicos
Cerca de metade do valor pago pela gasolina vai para os cofres públicos. Segundo Márcio Soares, representante do Minaspetro (o sindicato dos postos), 48% do valor da gasolina custeiam impostos estaduais e federais. A elevada carga tributária dos combustíveis foi alvo de debate na Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa (ALMG). “Minas Gerais varia sempre entre o segundo e o terceiro lugar no ranking das gasolinas mais caras do país, de acordo com o levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Isso é por causa da alíquota de ICMS. E, para tentar equilibrar as receitas, o Estado aumenta ainda mais os tributos dos combustíveis”, critica o deputado Felipe Attiê (PTB).
“Os postos trabalham com margem de lucro muito apertada. Já a margem entre o custo da produção e o preço de venda para as distribuidoras é maior”, comenta Soares. Segundo ele, outro problema é o fato de o preço médio ponderado usado pelo governo como base para calcular impostos ser bem acima do preço real cobrado dos consumidores.
Fonte: O TEMPO