Um aluno da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de 40 anos, foi detido pela Polícia Militar suspeito de racismo contra uma funcionária de 37 anos do refeitório da instituição.
Segundo a PM, o estudante teria se recusado a receber a sobremesa que a trabalhadora entregava, afirmando: " Não pego alimento das mãos de negros". A funcionária registrou a ocorrência na última quinta-feira (4).
Conforme o boletim de ocorrência, o aluno suspeito negou o crime. Ele disse que a funcionária estava distraída e, por isso, ele mesmo pegou um doce na bancada do refeitório e afirmou que: "jamais praticaria caso de racismo, pois a mãe dele é negra".
Após depoimento, o aluno foi liberado pela PM. O caso foi encaminhado para a Polícia Federal para investigação.
A reportagem procurou a Polícia Federal, mas até o momento da publicação, não teve retorno.
Revolta nas redes sociais
O caso suspeito de racismo gerou repercussão nas redes sociais, com muitas pessoas manifestando solidariedade à funcionária do refeitório e repudiando a atitude do aluno.
A UFJF divulgou uma nota de repúdio ao episódio e afirmou que "não aceita e não compactua com ações racistas ou que expressem qualquer outra forma de preconceito".
Por meio da nota, a UFJF ainda informou que tomou as medidas necessárias. Segundo a instituição, outros esclarecimentos só poderão ser prestados após a apuração do caso.
Nota da UFJF
"A Administração Superior da UFJF informa que, desde o início do episódio ocorrido no Restaurante Universitário do Campus de Juiz de Fora, no dia 4 de maio, interveio e esteve presencialmente acompanhando seus desdobramentos. Naquele momento, prestou atendimento à trabalhadora terceirizada da instituição, bem como acompanhou o estudante envolvido na ocorrência.
Ciente da gravidade do caso, a Polícia Militar foi acionada, considerando que se tratava de conduta potencialmente caracterizadora de crime de racismo. Durante todo o tempo em que os policiais militares estiveram no RU, realizando as diligências necessárias, membros da administração superior acompanharam o desenvolvimento das ações.
A UFJF não aceita e não compactua com ações racistas ou que expressem qualquer outra forma de preconceito. Neste sentido, tem desenvolvido políticas afirmativas e de inclusão, assim como campanhas educativas. Da mesma forma, setores como a Diretoria de Ações Afirmativas, a Ouvidoria Especializada em Ações Afirmativas, o Comitê de Ética e a Diretoria de Controle Institucional têm tratado, de forma contundente, situações em que direitos são violados.
Além de cumprir sua obrigação institucional de comunicar o ocorrido ao Ministério Público Federal, a UFJF investigará o fato em questão, por meio de Processo Disciplinar, assegurando, como é necessário nos ambientes que cultivam e valorizam a democracia, o contraditório e o direito de defesa. Em se apurando conduta imprópria no ambiente universitário, aplicará sanções conforme as normas internas e a legislação cabível."