Primeiro nome do País a lutar por medalha no dia inicial de disputas do Mundial Paralímpico de Natação de 2017, André Brasil fez jus ao seu favoritismo ao ganhar com facilidade o ouro na prova dos 100 metros costas da categoria S10 (menor nível de deficiência física) da competição, neste sábado, na Piscina Olímpica Francisco Maquez, na Cidade do México. A luta pelo pódio foi definida em uma final direta, sem a necessidade de realização de uma eliminatória. E este foi o 15.º ouro de André em um Mundial, sendo que ele agora contabiliza um total de 25 pódios em participações neste evento.
Apesar deste currículo glorioso, o experiente nadador de 33 anos de idade não deixou de se emocionar após abrir a sua participação na capital mexicana com um triunfo. Vencedor desta prova dos 100 metros costas com o tempo de 1min01s38, o carioca foi quase dois segundos mais rápido do que o do estoniano Kardo Ploomipuu, que cronometrou 1min03s55 para ficar com a segunda colocação. O bronze foi obtido pelo norte-americano Tye Dutcher (1min03s81).
Já na saída do bloco, André Brasil abriu larga vantagem sobre os seus adversários e depois da virada dos primeiros 50 metros seguiu tranquilo rumo à vitória, sem ser ameaçado pelos principais perseguidores. Ele nega, porém, que tenha sido uma tarefa sem dificuldades conquistar este ouro, revelando também que cansou na parte final da prova.
“A gente sabia que não seria fácil, fácil, mas eu tive de me empenhar um pouco mais na prova. Tem outras provas em que tenho adversários mais fortes, como por exemplo à tarde nos 50 metros (livre) com o meu amigo e adversário Phelipe (Rodrigues), e que serão um pouco mais acirradas e disputadas, mas hoje (sábado) eu sabia que essa era uma primeira prova para tirar um pouco dessa ‘inhaca’ de estreia. Longe daquilo que eu queria fazer (em termos de tempo), mas é uma medalha para ser conquistada”, afirmou André Brasil à reportagem do Estado, ainda na beira piscina, para em seguida se emocionar ao admitir que vive um momento difícil fora das piscinas, embora tenha evitado entrar em detalhes sobre os mesmos.
“Tem os problemas pessoais, aquilo que eu gostaria de ter feito para ter voltado a minha vida mais para o lado pessoal neste ano Tentei muita coisa, mas muita coisa deu errado e outras coisas deram muito certo. Mas estou aqui para fazer o meu trabalho e vou me emocionar sempre. É um resultado para o meu País, eu carrego uma pátria no meu nome e acima de tudo eu tenho uma história”, afirmou André Brasil, que pouco depois, com a voz embargada e as lágrimas no rosto, precisou até parar de falar ao admitir que teve “contratempos” neste período de preparação, sendo um deles o adoecimento do seu cachorro, que ele disse ter melhorado do problema de saúde que o acometeu mais recentemente
“O Bolt (nome do seu cão) está bem, o meu pai está lá em casa cuidando dele e meu moleque também está ótimo. Espero que ele esteja em casa assistindo o papai. A gente carrega tanta gente quando a gente cai na água que (interrompe e pede desculpas, emocionado, antes de concluir)… deixa de ser só um resultado, é uma vitória não só pessoal, mas uma vitória coletiva, uma vitória de família, uma vitória de esforço”, completou.
Com o triunfo deste sábado, André Brasil também deu continuidade a uma rotina vitoriosa de sete anos subindo ao pódio em Mundiais Antes desta primeira medalha conquistada no México, ele faturou ouros nas edições de Eindhoven-2010 e Glasgow-2015 da competição nesta mesma prova dos 100 metros costas, na qual também foi medalhista de prata também em Montreal-2013 e nos Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016.
Com uma longa história de superação, que começou já aos três meses de idade quando teve poliomelite (por reação à vacina), doença que lhe trouxe uma pequena sequela na perna esquerda, André Brasil é um dos 17 nadadores brasileiros que competem neste Mundial Paralímpico, entre eles o astro Daniel Dias, dono de 24 ouros na história desta competição – ele cairá na água neste sábado em uma prova dos 100 metros livre que também já valerá medalha, às 22h09 (de Brasília).
Após esta primeira disputa, André Brasil nadará outras sete provas deste Mundial, sendo duas delas ainda neste sábado, quando enfrentará uma espécie de maratona. Primeiro estará concorrendo diretamente com Phelipe Rodrigues nos 50 metros livre da categoria S10, em disputa marcada para começar no primeiro minuto da madrugada deste domingo (pelo horário de Brasília). Pouco depois, às 0h30, ele defenderá a equipe do revezamento do Brasil nos 4×100 metros masculino 34 pontos. As duas provas serão finais diretas, sem a realização de uma eliminatória para determinar os concorrentes às medalhas.