Em busca de um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, diz ter provas de que seu sucessor na pasta, Guido Mantega, mantinha um esquema com venda de informações privilegiadas para empresas do mercado financeiro. De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, Palocci afirma que a sede do esquema era o prédio do Ministério da Fazenda, em São Paulo, onde Mantega costumava despachar às sextas-feiras.
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Segundo Palocci , o objetivo dos bancos era obter informações antecipados sobre mudanças nas taxas de juros e edições de medidas provisórias que poderiam interessar às empresas. Os comunicados as ajudariam a se preparar com antecedência para mudanças promovidas pelo governo e a se proteger de eventuais prejuízos. Em troca, as companhias ofereceriam apoio ao PT. À Folha, Mantega disse que a acusação “causa estranheza”.
O esquema teria começado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, quando Mantega foi nomeado ministro, e teria continuado até sua saída, em 2015, no governo Dilma Rousseff. Antes de Mantega, era Palocci o responsável pela equipe econômica do governo federal, ficando no cargo entre 2003 e 2006.
Condenação de Palocci
O primeiro ministro da Fazenda de Lula foi condenado a 12 anos e 2 meses de prisão por processos da Operação Lava Jato envolvendo crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, após a realização de contratos com a Odebrecht para a construção de sondas para exploração do pré-sal pela Petrobras. Determinada pelo juiz federal Sérgio Moro, esta foi a primeira condenação do ex-ministro na Lava Jato.
Mantega está sendo investigado pela mesma operação. No ano passado, foi preso preventivamente após ser acusado de pedir R$ 5 milhões ao empresário Eike Batista para quita compromissos da campanha eleitoral do PT. O ex-ministro foi liberado em seguida.
Caso a negociação pela delação premiada avançar, Palocci tentará reduzir o tempo de sua pena e focar os depoimentos em banqueiros e e empresários. O ex-ministro, preso desde o ano passado, também se mostra disposto a esclarecer questões relacionadas a Lula presentes em depoimentos de ex-executivos da Odebrecht, como a conta “Amigo”, que seria utilizada para realizar repasses ao ex-presidente.