REPORTAGEM: JORNAL DO BRASIL
O apagão que deixou vários estados sem energia esta semana acendeu a luz de alerta no Palácio do Planalto e deixou a cúpula de coordenação da campanha da presidente Dilma Roussef num estado de grande preocupação. A interrupção de energia pode ser uma arma letal para a reeleição da presidente e boa parte da culpa por essa situação desastrosa se deve à Eletrobras.
Investimentos mal planejados, apesar de terem ficado na casa dos bilhões neste ano, levantam dúvidas sobre a capacidade da empresa, na sua atual administração, em fazer os aportes necessários para suprir o país com a energia necesária para atender a uma demanda crescente. Projetos como o da usina nuclear de Angra, por exemplo, receberam mais recursos proporcionalmente do que linhas de transmissão que estão faltando em algumas regiões do país para distribuir a energia no Sistema Integrado e evitar os apagões como o de quarta-feira.
A Eletrobras teve um crescimento dos investimentos em 2013 de 15% chegando a R$ 7,2 bilhões no período em relação a 2012, conforme foi divulgado no site Contas Abertas. Esses recursos no entanto, foram mal alocados e sem o planejamento adequado para suprir o país com a infraestrutura em energia para atender aos consumidores. Somente a usina nuclear de Angra 3, cujo custo está estimado em R$ 10 bilhões, recebeu um aporte de cerca de R$ 1,5 bilhão. A suína vem sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por sobrepreço em suas obras.
Outro exemplo de mal uso dos recursos foram os investimentos feitos na usina térmica Mauá 3, a segunda maior alocação de recursos da Eletrobrás, com um investimento de R$ 514 milhões de um total de R$ 535 milhões previstos para este ano.
Essas duas usinas refletem a falta de planejamento da Eletrobras que investe numa usina nuclear, cujo preço da energia é um dos mais caros do mundo, ao invés de linhas de transmissão e em termelétrica que também tem custo de produção extremamente elevado. Soma-se a isso a ineficácia de aplicação dos recursos pelo fato de muitas subsidiárias não terem conseguido executar plenamente os investimentos, apesar do aumento dos recursos.