Belo Horizonte pode ser vista como um imenso quintal. São 62 parques abertos ao público e quase 900 praças para correr ao ar livre, descansar e praticar esportes. Mas, se a quantidade é grande, a qualidade dessas áreas ainda é baixa. Apenas 20% dos parques – um em cada cinco – estão em bom estado de conservação, sendo que o adequado seria um índice de ao menos 80%.
O diagnóstico é da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZ), que administra 61 desses espaços e tem como meta alcançar a marca dos 80% até 2020. Quando o estudo foi feito, no ano passado, só 15% das áreas verdes estavam em boas condições de uso. De lá para cá, houve um avanço de 5% com reformas pequenas, como nos parques Mangabeiras, na região Centro-Sul, do Nado, na Pampulha, e Renato Azeredo, na região Nordeste.
Atualmente, 80% dos equipamentos em parques estão em mau estado de conservação, o que significa brinquedos quebrados e enferrujados, bebedouros que não funcionam, banheiros sujos e com vazamento, pistas de caminhada deterioradas, entre outros problemas que afetam o uso pela população.
“É uma situação dura e extremamente difícil de ser enfrentada”, diz o presidente da FPMZ, Sérgio Augusto Domingues. Ele fez questão de falar abertamente sobre o assunto, junto com o secretário municipal de Meio Ambiente, Mário Werneck. “O desafio é muito grande e conjunto”, completou Werneck. Ainda não se sabe quanto custará a reforma completa, mas o secretário de Meio Ambiente tem destinado as compensações ambientais, pagas por empresas, para os parques.
Já as praças, jardins e canteiros são de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura e também estão, em sua maioria, deteriorados. O órgão informou que investiu R$1,2 milhão em manutenção e limpeza no ano passado. Para este ano, estão previstos R$ 1,3 milhão, mas a secretaria não elencou as ações que serão feitas com o recurso.
A responsabilidade, no entanto, não é só do poder público. “O problema é da sociedade em geral, que tem que pensar que aquele espaço será usado por sua família e que cabe a todo mundo cuidar”, ressalta Flávia Pellegrini, uma das autoras do livro “Beagá para Brincar”, do movimento Na Pracinha.
FOTO: Mariela Guimarães |
Segurança O Parque Municipal Américo Renné Giannetti, o mais central da cidade, convive há muito tempo com o problema da violência. Guardas municipais fazem rondas no local, mas os frequentadores dizem que não é suficiente e se sentem inseguros. “Já tivemos problema com uma jovem que quis brigar com os alunos e não tinha ninguém para ajudar”, relatou Gabrielle de Souza, monitora de uma escola municipal próxima, que leva estudantes ao espaço. A FPMZ informou que a segurança é uma preocupação e que vai investir também no tratamento dos gatos do local. |
FOTO: Luciene Câmara |
Estrutura “Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade”, já dizia o poeta Manoel de Barros. Para as crianças, a praça pode ser pequena, ter poucos brinquedos, mas é um oásis. Na praça Doutor Celestino Marra, no bairro Santa Amélia, na Pampulha, o escorregador está sem uma das alças de apoio, a gangorra quebrou, o gira-gira também não funciona mais, e outro equipamento, de escalada, está enferrujado e com pedaços soltos. Em um parquinho na orla da lagoa da Pampulha, no encontro com a avenida Antônio Carlos, também faltam brinquedos para todas as idades. |
Vandalismo No parque JK, no bairro Sion, na região Centro-Sul, a reportagem encontrou brinquedos desgastados, pichados e quebrados. A Academia da Cidade era o equipamento mais novo no local, mas também já tinha danos. Cerca de 70% dos reparos feitos nas academias ao ar livre são realizados por causa de atos de vandalismo, segundo a prefeitura, enquanto 30% decorrem de mau uso ou desgaste natural. A fundação de parques informou que em breve vai destinar recursos ao parque JK. |