NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
Após atritos no núcleo da campanha de Dilma Rousseff, petistas pressionam para que o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) assuma a coordenação do grupo escalado para reeleger a presidente.
Divergências internas, a mais recente delas protagonizada por Franklin Martins, reforçaram o coro silencioso para que o chefe da Casa Civil passe a integrar formalmente o comitê da reeleição.
Segundo a Folha apurou, o diagnóstico parte da avaliação do ex-presidente Lula, para quem a campanha precisa de alguém com autoridade sobre o governo e que, ao mesmo tempo, toque o dia a dia das articulações eleitorais.
Nos últimos dias, interlocutores da própria presidente passaram a apoiar a ideia.
Responsável pela área digital da campanha, Franklin fez um post contra a CBF no site Muda Mais, criado por sua equipe. Auxiliares de Dilma julgaram que o texto colocava a presidente desnecessariamente contra a CBF.
Diversos emissários de Dilma e Lula telefonaram para o ex-ministro transmitindo o recado de que a presidente não aprovara o gesto. O caso só não se transformou numa crise incontornável porque o ex-presidente Lula foi acionado para remediar o problema.
A saída de Franklin da campanha chegou a ser cogitada, mas no fim de semana ele fez questão de dizer a interlocutores que não tem nenhuma intenção de deixar o posto.
O episódio, porém, intensificou o movimento para ter Mercadante no núcleo da campanha. A pressão teve início há duas semanas, e inicialmente era para que Mercadante deixasse a gerência do governo para se dedicar exclusivamente à eleição.
Após o ocorrido com Franklin, alguns auxiliares de Dilma e Lula passaram a considerar a hipótese de Mercadante atuar como “agente duplo”, acumulando as duas funções, campanha e Casa Civil.
Franklin afirmou em conversas reservadas que não dá mais para a coordenação ser um “ajuntamento” de coordenadores. Na avaliação interna, o grupo precisa de alguém com autoridade sobre o governo e acesso a Dilma.
Nos bastidores, petistas dizem que Lula não está feliz com a organização do grupo. Quem conversou com o ex-presidente nos últimos dias disse ainda que ele está insatisfeito com a atuação de Mercadante, que nem está integralmente cuidando da administração do governo nem auxiliando na campanha.
Segundo a Folha apurou, Martins foi chamado por Dilma Rousseff no sábado para uma conversa em Brasília.
Assessores da campanha relataram que o ex-ministro está disposto a baixar o tom e que Dilma ficou de ouvi-lo mais e aumentar sua relação com a coordenação da campanha. Esta também é uma das principais queixas dele. A ordem de Dilma é para que ministros e auxiliares trabalhem para abafar a crise.
Para ministros, a tendência é que ele fique na campanha até a próxima crise, mas veem um desgaste dele com membros da campanha. Nesta segunda, a coordenação da campanha se reuniu em Brasília para planejar a agenda de campanha e discutiu o caso. O discurso dos participantes foi de que não “há crise” e que está tudo “pacificado”.