Um dia após a coluna A.Parte de O TEMPO publicar os bastidores da crise deflagrada no governo de Minas devido à uma frase dita pelo novo chefe adjunto da Polícia Civil (PC), o delegado Rogério de Melo Franco Assis Araújo foi afastado do cargo, conforme publicação no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (19).
O policial, ao anunciar uma delegacia especializada no combate a ataques a caixas eletrônicos no último dia 10, afirmou que “em Minas não existirá cangaço, e, caso venha a surgir, nossa polícia estará apta para combater. Caso os criminosos não se rendam, partirão para o confronto e voltarão na horizontal”.
O ato 69.269, assinado pelo chefe da PC, dispensou o policial do cargo chefe adjunto da corporação. Na mesma edição da publicação oficial de Minas, no ato 69.274, o delegado Rogério de Melo foi nomeado para “responder pelo expediente do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa”.
No diário ainda foi publicada a nomeação do novo chefe adjunto da corporação, Gustavo Adelio Lara Ferreira, que deixa a Corregedoria Geral da PC.
Dança das cadeiras
Na mesma edição do Diário Oficial ainda foram publicadas várias mudanças de cargos dentro da Polícia Civil. Com a nomeação do antigo corregedor geral para a chefia adjunta, Alexandre Franca Campbell Penna assumirá a corregedoria, deixando a frente do Detran.
Um outro ato ainda dispensou a delegada Cristina Coelli Cicarelli Masson, atual chefe do DIHPP – que será assumido pelo ex-chefe adjunto. Ela não foi nomeada para outro cargo até o momento.
Além disso, Márcio Lobato Rodrigues foi dispensado da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária, que será assumida por Carlos Capristrano, até então chefe do 13º Departamento de Polícia Civil de Barbacena.
A polêmica
Conforme publicado pelo A.Parte, o delegado Rogério de Melo Franco Assis Araújo assumiu em dezembro o cargo de número dois no comando da PC.
A forma como o novo chefe tratou a situação, falando que os bandidos “voltariam na horizontal”, gerou revolta entre membros do PT historicamente ligados aos Direitos Humanos. O próprio governador Fernando Pimentel (PT) venceu as eleições com um discurso voltado para o social e criou, em sua gestão, a Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac). A partir daí, esses grupos cobraram de Pimentel que exonerasse o quanto antes Araújo da nova função na Polícia Civil.
Um interlocutor do governo de Minas, que conversou com o A.Parte sob condição de anonimato, confirmou o mal-estar. “O novo chefe está mesmo na corda bamba. O governador está tendendo pelo afastamento”, disse a fonte próxima de Pimentel. Ciente da situação, Araújo teria iniciado uma campanha junto a nomes do alto escalão das forças de segurança e de deputados para que intercedessem a seu favor junto a Pimentel, o que, a princípio, não surtiu efeito.