O inverno começou oficialmente há três dias e muitos mineiros já estão sentindo seus efeitos típicos como frio e tempo seco. A previsão é que os municípios das regiões Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste tenham índices críticos de umidade relativa do ar, com indicadores abaixo de 30%. Para alguns, isso já é uma realidade. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia, em 21 de junho, Pirapora, na Região Norte do estado, ficou entre as cidades brasileiras mais secas, com umidade do ar de 23%. Em Belo Horizonte, a Defesa Civil emitiu alerta para a presença de uma massa de ar seco que deixa os índices de umidade relativa do ar variando em torno de 20% e 30%. O aviso é válido até as 18h de segunda-feira (26/6).
As baixas umidades são registradas em um contexto em que as doenças respiratórias estão mais recorrentes e, neste ano, se somam a um grande aumento de casos de arboviroses como a dengue. O período mais seco, geralmente, é das 14h às 18h.
Claudemir de Azevedo, meteorologista do Inmet em Minas, explica que a baixa umidade já é esperada, uma vez que ela é uma das características da estação. O fenômeno é inversamente proporcional à temperatura, ou seja, quanto maior a temperatura, menor será a umidade. E que, a atuação de massas de ar seco começam a ser mais frequentes em todo o país.
Por isso, os momentos críticos acontecem durante a tarde, já que há um aquecimento maior da atmosfera. Além disso, com a chegada das frentes frias, a expectativa é que haja períodos de alívio, com aumento da umidade, mas, por enquanto, sem chuva.
Com o tempo seco, as recomendações são válidas para todas as pessoas, e não apenas para os grupos de risco, como no caso das doenças respiratórias. Entre os cuidados a serem tomados, o principal é em relação à hidratação. À noite, mesmo sendo um período mais frio, e por isso mais úmido, é recomendado dormir em locais arejados e umedecidos por aparelhos umidificadores, ou mesmo com uma bacia com água. Os banhos devem ser mais frios. Deve-se, evitar atividades ao ar livre das 11h às 15h.
QUEIMADAS Além dos já habituais desconfortos causados pela baixa umidade do ar, como ressecamento da pele e agravamento de problemas respiratórios, o tempo seco também aumenta a chance de episódios de incêndio em vegetação. De acordo com o Corpo de Bombeiros, em dois meses, de abril a maio, o número de ocorrências de incêndios em vegetação aumentou 224%, em Belo Horizonte.
Até ontem, 94 incêndios haviam sido registrados na capital. Um deles foi na noite de quarta-feira (22/6), no Bairro Buritis, na Região Oeste da cidade. Cerca de 5 mil metros quadrados de vegetação foram queimados. O combate às chamas durou cerca de uma hora e meia e requisitou o trabalho de 22 profissionais, sendo 12 militares do Corpo de Bombeiros e 10 brigadistas voluntários da Cemig. Ainda não é possível saber o que provocou o fogo, mas moradores informaram que as primeiras fagulhas apareceram após uma pessoa soltar fogos de artifício na área. A suspeita ainda será investigada.
Em entrevista ao Estado de Minas, o professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bernardo Gontijo, explica que normalmente onde há maior presença populacional há mais casos de queimadas. Isso porque o fator humano é um grande deflagrador de incêndios. No caso de BH, há um “facilitador”, já que as áreas protegidas ficam próximas ao perímetro urbano, como é o caso da Serra do Curral e do Parque do Rola-Moça. “Com tanta gente morando ali perto da serra, qualquer foguinho que aparece rapidamente se espalha”.
Ontem, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) editou duas portarias declarando situação crítica de escassez hídrica superficial em dois trechos da Bacia do Rio das Velhas: Estação Ponte Preta, no Rio Jaboticatubas, no município do mesmo nome, e Estação Ponte do Bicudo, no Rio do Bicudo, na região de Corinto. Em ambos os casos, a média das vazões diárias ficou abaixo dos 70% da Q7,10 – que é a vazão mínima de sete dias seguidos com período de recorrência de 10 anos .