Um homem de 30 anos foi morto por bandidos enquanto jogava cartas com amigos em um sítio em Passos, no Sul de Minas, na madrugada desta quarta-feira (14). Ele foi atingido por disparo de arma de fogo após tentar reagir ao assalto, segundo informações da Polícia Militar.
A vítima estava com amigos quando, por volta das 3h, três homens encapuzados invadiram o sítio e anunciaram o assalto. A vítima estava armada com uma pistola calibre 380 e tentou atirar nos criminosos. Porém, um dos bandidos atirou primeiro e acertou o braço esquerdo do homem. Segundo a PM, a bala atingiu o tórax da vítima, que morreu no local.
Apesar da situação, os bandidos roubaram relógios, celulares e até a arma da vítima. Um carro também foi levado pelos bandidos para ajudar na fuga. De acordo com informações da PM, o carro foi abandonado no jardim Itália ainda durante a madrugada. Os bandidos fugiram por um matagal.
No carro roubado, soldados da Polícia Militar encontraram revólveres calibre 38, uma pistola taurus 380, celulares e iphones. Os objetos não eram os que foram roubados no sítio. A Polícia Civil investiga o caso.
Sem plano de segurança
Professor de Ética do Departamento de Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano responsabiliza o Estado brasileiro pela morte do homem de 30 anos. Isso porque, segundo Romano, o Brasil não tem um plano de segurança pública. Assim, populares acabam adquirindo armas para proteção.
“Não existe no Brasil nenhum plano de segurança pública desde que o Luiz Eduardo Soares (Secretário Nacional Segurança Pública no governo Lula) cuidava disso. Ele apresentou plano bem feito, mas não conseguiu ir adiante, porque tocou em interesse de fábricas de armamentos. Isso se mostra desastroso como no caso do Rio de Janeiro. O foco não deve ser discutir o armamento da população ou não. Se não tem nenhum plano, não aplica recurso, evidentemente você deixa em aberto a possibilidade de o indivíduo se armar ou não”, diz o professor.
De acordo com Romano, “como o estado brasileiro não dá nada em troca o cidadão, como na educação, saúde, fica sem sentido o monopólio da força física apenas pelo Estado”. Ou seja, instituições como Polícias Militar e Civil ficam fragilizadas e não conseguem atender toda demanda da sociedade. De modo que o cidadão começa a agir sozinho.
“Então, colocar a culpa do armamento no indivíduo é absolver o Estado. O Estado é culpado por não ter plano de segurança pública. E quando você não tem segurança pública, todo cidadão que prometer armar a população vai ter junto a ele uma parcela da sociedade”, conclui Romano.