Ao andar pelo centro de Belo Horizonte, no meio do caos de pedestres e automóveis sempre apressados, prédios de beleza arquitetônica, sendo alguns deles até tombados, podem passar despercebidos. Mas o VII Passeio Arquitetônico, que acontece na Avenida Afonso Pena, é uma oportunidade para olhar o conjunto urbano sob outra perspectiva.
O tour é promovido pelo arquiteto Ulisses Morato, que conta a história das edificações, bem como curiosidades a respeito e ainda trata da biografia dos arquitetos que estão por trás dos prédios mais célebres da capital.
Ulisses conta que o passeio é um trajeto em linha reta, saindo da Praça Sete de Setembro até o quarteirão do Parque Municipal Américo Renné Giannetti. A sétima edição do tour acontece neste sábado (22/7), das 10h às 12h. Ao longo do percurso, o arquiteto para nos pontos mais relevantes e conta a história do conjunto em questão. “É uma aula de arquitetura com visualização”, diz o arquiteto.
O idealizador do passeio ressalta que, apesar de ser aberto também para turistas, o passeio não é turístico, mas arquitetônico, já que sua formação é em arquitetura. Porém, a ideia do tour é extrapolar os limites do alcance do meio acadêmico e tornar o conhecimento palpável principalmente para os moradores da capital. “Para quem nasceu em BH, certamente o Centro da cidade guarda muitas memórias afetivas”, nas palavras dele.
O surgimento do projeto
O roteiro do passeio está diretamente relacionado com a formação de Ulisses Morato, PhD em Arquitetura pela Universidade de Lisboa. A tese defendida por ele relacionava a arquitetura de Belo Horizonte com a arquitetura de Lisboa. Para difundir o conhecimento adquirido na sua formação, o arquiteto sentiu que apenas o meio acadêmico não era o suficiente. “Senti necessidade de um espaço de maior alcance”, ele conta.
Então, o arquiteto decidiu criar o perfil Arquitetos de Belo Horizonte, no Instagram. Nas palavras de Ulisses, “tudo começou com o perfil. Começou virtual e depois foi para a rua”. As cinco edições anteriores aconteceram na Praça da Liberdade, porque o local abriga “toda a gama da arquitetura”, como diz Ulisses. Lá, encontram-se prédios dos séculos XIX, XX e XXI.
A última edição foi no mesmo local onde será a próxima: no conjunto urbano da Afonso Pena. Lá, assim como na Praça da Liberdade, quase todos os estilos arquitetônicos coabitam e se misturam. “É uma colcha de retalhos. Dificilmente terá uma área com um único estilo”, conta. Nesses lugares, o ecletismo, o art déco e modernismo existem em uma forma de simbiose.
Pontos altos do roteiro
Banco Hipotecário e Agrícola
É onde funciona, atualmente, a Unidade de Atendimento Integrado (UAI). Construído em 1922, o imóvel é o mais antigo da Praça Sete de Setembro, e é tombado. Foi projetado pelo arquiteto italiano Luiz Olivieri, considerado por Ulisses como “um dos maiores expoentes da arquitetura Eclética nos primórdios da capital mineira”.
Igreja São José
A Igreja pertence ao estilo Eclético de inspiração Neogótica. Analisando fotos antigas e camadas de tinta encobertas, é possível concluir que a pintura atual realmente existiu antigamente, chamando a atenção de quem passa até os dias de hoje, pelas cores e pela beleza.
Edifício Acaiaca
O prédio de 25 andares, inaugurado em 1949, é mais um dos imóveis tombados que estão no roteiro. Com efígies na fachada, o imóvel homenageia a cultura dos povos indígenas, bem como o nome Acaiaca. Devido ao contexto em que foi construído, à época da Guerra Fria, o prédio tem um abrigo anti aéreo subterrâneo.
Antigo Museu do Telefone
O imóvel do antigo Museu do Telefone também é tombado, construído no estilo Art Déco. O arquiteto responsável é o Romeo de Paoli, que também projetou o Colégio Santo Agostinho, o Hotel Metrópole (que também faz parte do roteiro), as piscinas do Minas Tênis Clube e outras obras célebres.
Serviço
Data: Sábado, 29 de julho, das 10h às 12h.
Onde: Da Praça Sete de Setembro até os arredores do Parque Municipal Américo Renné Giannetti
Valor: R$ 65
Obs.: vagas limitadas (20 vagas)
* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata