O bom momento eleitoral da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff – que na pesquisa CNI/Ibope, divulgada na semana passada, tinha cinco pontos porcentuais acima do principal adversário, José Serra (PSDB) – tem atraÃdo para o entorno da petista uma legião de curiosos fora da arena polÃtica.
Na última semana, Dilma Rousseff reservou tempo na agenda para encontros com intelectuais, artistas, representantes da elite paulistana e socialites. Na noite de segunda-feira, 28, após gravar o programa Roda Viva, da TV Cultura, Dilma Rousseff seguiu para Higienópolis, área nobre de São Paulo, acompanhada do ministro da Cultura, Juca Ferreira.
Conduzida pelo ministro, a petista participou de jantar no apartamento do coreógrafo Ivaldo Bertazzo. No evento, inicialmente preparado para aproximadamente 30 pessoas, cerca de 60 artistas curiosos queriam ouvir os planos de Dilma para a cultura.
“A imprensa cria uma imagem muito dura da Dilma, e as pessoas têm uma curiosidade muito grande para conhecê-la e conhecer suas propostas para a culturaâ€, afirmou o ministro ao Estado.
Juca Ferreira disse ter ficado impressionado com o alto nÃvel de conhecimento da petista sobre ópera, que passou boa parte da noite conversando com o maestro John Neschling.
Segundo relatos dos presentes, a candidata do PT permaneceu no local por cerca de três horas. Num contato afável com artistas, músicos e cantores, demonstrou que tinha interesse em estender o jantar até a madrugada, mas foi alertada por assessores sobre o horário do voo, que poderia perder.
Dilma Rousseff fez uma rápida apresentação sobre sua visão da cultura e depois respondeu a perguntas especÃficas dos artistas. Segundo a ex-ministra, o Brasil teve uma situação econômica confortável e estável e tem condições de investir mais no binômio educação e cultura.
Na sua exposição, elogiou também a polÃtica cultural do governo Lula iniciada sob o comando do ex-ministro Gilberto Gil e continuada por Ferreira. Admitiu que é preciso aperfeiçoar aspectos da Lei Rouanet, defendeu a liberdade de expressão e enfatizou que o Estado precisa ter um papel de estimulador de projetos culturais.
A petista destacou ainda a importância da preservação de patrimônios culturais e escutou reclamações diversas sobre as dificuldades de conseguir patrocÃnios de empresas privadas para projetos sociais.
Num evento que contou também com a presença de estilistas e especialistas em moda, entre eles Gloria Kalil, Dilma defendeu que o setor precisa ser entendido como um segmento importante da economia, sobretudo por refletir a cultura de um povo.
“A ministra demonstrou um alto nÃvel de conhecimento sobre a polÃtica cultural. Está afinada e acompanha bem as ações do ministérioâ€, opinou Juca Ferreira. O ministro disse que há forte demanda no setor para uma agenda reservada com Dilma e sugeriu que o comando polÃtico da campanha pense em organizar eventos mais amplos com segmentos de artistas.
Entre os presentes, estavam os músicos Chico César e Seu Jorge, o escritor e roteirista Paulo Lins, atores e promotores culturais. “Acho que a educação e a cultura têm laços estreitos e essa deve ser uma preocupação primordial de qualquer governo. O PT tem uma relação muito boa com a educação e isso me pega pelo pé. Gostei da questão que a Dilma colocouâ€, afirmou Paulo Lins, escritor do livro Cidade de Deus. “Sou forte candidato a apoiar o presidente Lula mais uma vezâ€, disse Lins, num ato falho, sem mencionar o nome de Dilma. Em seguida, declarou o voto a Dilma. “Vou votar na Dilma, sim. Decidi abrir meu voto.â€
Segundo dirigentes do PT, Dilma irá participar de evento organizado pela viúva de Roberto Marinho, Lili Marinho, sexta-feira, 2, no Rio de Janeiro. A candidata deverá ser acompanhada pelo ex-ministro Antônio Palocci. Na semana passada, Dilma aceitou convite de Geyze Diniz, mulher do empresário do Grupo Pão de Açúcar, AbÃlio Diniz, para participar de uma reunião com socialites paulistas.