Dois assaltantes se passaram por policiais para entrar na casa de um empresário no bairro Renascença, na região Nordeste de Belo Horizonte, alegando que receberam denúncia de haver arma no local. Eles renderam toda a família e fugiram levando R$ 120 mil.
A vítima, de 54 anos, trabalha em eventos, no setor de gastronomia, e estava contando o dinheiro arrecado na Feira Profissional de Beleza, que aconteceu no fim de semana na capital.
O empresário diz que a cunhada dele voltava do supermercado e, quando abriu o portão da residência, a dupla entrou junto. “Ela não sabia o que estava acontecendo, entraram muito rapidamente, já falando que eram da Polícia Civil, depois falaram que eram da Polícia Federal, dizendo que receberam denúncia de que eu guardava arma em casa. Ficaram uns 15 minutos telefonando, fingindo que estavam chamando a viatura, e eu aleguei que eu mesmo iria ligar para a polícia, pois eu pedia a identificação e eles não davam”, conta a vítima. “Enquanto eu pedia para eles o distintivo, um empunhava a arma”, acrescentou.
O comerciante conta que começou a questionar os homens, falando que policial não agiria daquele jeito, a não ser que fosse um mau policial. “Eles, então, me jogaram no quarto. Eu falei com eles: ‘Então, vocês são policiais e gostam de atirar, então atiram!’. Foi quando eles me empurram de novo e minha esposa me segurou, e deu tempo para eles correrem”, conta a vítima, lembrando que, além dele e da mulher, duas cunhadas e um fornecedor dele que chegou durante o assalto foram mantidos no quarto. “Os bandidos foram agressivos, mas não houve violência física. Insistiram que eram da polícia até eu falar que não estava aceitando aquilo. Foi quando falaram que era assalto, que eram bandidos e que iriam levar o dinheiro. Ameaçaram atirar”, completou.
DESESPERO
A mulher do empresário, uma dona de casa de 53 anos, conta que, desde o início, já desconfiava que os homens não eram policiais. “Eu olhava para o que estava em pé na porta da sala, com a arma, e ele me parecia bem tranquilo. Eu puxei conversa, e ele falou: “A senhora fica sentada’”, conta a dona de casa.
“Os ladrões mandaram que todos ficassem sentados na cama. Meu marido ficou muito nervoso nessa hora. Foi quando houve a ameaça mesmo! O que estava com a arma, o baixinho loiro, estava tranquilo, mas o moreno estava muito agitado. A sorte é que nossa filha de 9 anos não estava em casa. Seria um trauma. Com certeza, ela ficaria muito abalada com essa situação”, diz.
Ela conta que o pior momento foi quando o homem moreno tomou a arma do comparsa e ameaçou atirar. “Nesse hora, deu um frio na minha barriga. A gente puxou o meu marido e falou com os bandidos: ‘Não, moço, pode ir embora’. O outro já tinha saído com o dinheiro”, relembra.
A Polícia Civil informou que o caso está sendo apurado pela 1ª Delegacia Leste e que nenhum suspeito havia sido preso até a noite de ontem.
MESA LIMPA
Os R$ 120 mil estavam sobre a mesa da sala, ao lado de uma bolsa, quando a dupla chegou. “Meu marido tinha acabado de falar com um fornecedor dele para vir receber o dinheiro. Os ladrões já vieram aqui com a intenção de levar a quantia. Eles pegaram nossos celulares, mas não levaram. Entraram no quarto quando não tinha ninguém lá e deixaram os aparelhos debaixo da cama”, conta a mulher do empresário. Para ela, eles não levaram os celulares para não serem rastreados.
Minientrevista com o empresário
O assalto muda a rotina da família?
Sempre. A gente não abria porta para ninguém, mas acontece que eles entraram quando minha cunhada abria o portão. Tenho 40 anos de profissão e nunca tinha acontecido isso comigo. Espero que seja a única. A gente não está tranquilo até agora.
Qual o sentimento agora?
A gente está dentro da própria casa, e uma pessoa estranha entra de repente… A sensação é de insegurança. Ninguém sabe se alguém que está ali na rua, perto da gente, vai entrar também. É uma invasão!
Alguém próximo do senhor pode estar envolvido?
A polícia tem que investigar isso. Tenho muitos funcionários free-lancer dos quais a gente nem tem o nome completo. O assalto foi das 10h15 às 10h27. O Siena cinza deles já estava rodando o quarteirão desde as 9h, e um vizinho fotografou a placa. Imagens de câmeras de segurança foram entregues à polícia, que já identificou um dos suspeitos.