Faltando menos de 40 dias para o Campeonato Mundial de Culturismo e Fitness que será realizado em Mumbai-Índia entre 5 e 10 de dezembro, nos deparamos esta semana com um fato inusitado, se é que não poderíamos chamar de ‘atitude de desespero’ – um dos maiores atletas do mundo em sua categoria, Tricampeão Brasileiro e Top 6 Mundial 2012, o professor-atleta Ricardo Barguine, está fazendo rifas e até uma ‘vaquinha online’ para conseguir recursos para disputar o mundial.
Atleta da Seleção Brasileira convocado pelo terceiro ano consecutivo por vencer os três campeonatos brasileiros que participou, Barguine está sem qualquer patrocínio e viu que a única maneira de custear a viagem e as despesas, cerca de R$8000, seria contando mesmo com a ajuda e o apoio de seus amigos, fãs das redes sociais e seus inúmeros alunos na universidade em que leciona Física vendendo rifas e recorrendo ao pedido de doação online, a famosa ‘vaquinha’.
“Se a triste realidade de um atleta de esporte não-olímpico nesse país é essa, enfrentando dificuldade atrás de dificuldade, e isso me fez chegar a esse ponto, então eu vou fazer e pronto! O governo não faz quase nada em prol da grande maioria dos atletas. Já o setor privado também se limita a ter no seu quadro (ou no seu ‘team’, como dizem) apenas atletas e personalidades com perfil específico aos seus interesses comerciais. Mesmo assim vou em frente. A maior parte do que conquistei até aqui foi pelo que eu e minha família investimos sozinhos, mas se dessa vez não consigo, também não deixarei de tentar com quem posso.” – diz Barguine.
A grande pergunta é: como um país que tem mais praticantes de musculação e ligadas aos esportes fitness do que o futebol, por exemplo, tem um apoio tão restrito por parte das empresas?
“Em qualquer que seja o esporte, o brasileiro se acostumou a achar que temos que ganhar todas as competições internacionais. Mas a realidade mostra que conseguir recursos para custear uma viagem já é uma competição a parte. Talvez a maior delas! Estou acostumado a superar dificuldades e sei que vou conseguir. Meus amigos e alunos estão empenhados e me ajudando no que podem, vendendo rifas para os colegas e divulgando em suas redes sociais. Estamos fazendo juntos o trabalho de formiguinha construindo um castelo.” – finaliza o atleta.