Um avião de pequeno porte caiu na tarde desta sexta-feira na zona norte de São Paulo, deixando duas pessoas mortas, ambas ocupantes da aeronave. Seis feridos foram levados para o hospital e outros cinco foram atendidos no local com ferimentos mais leves, segundo informações do Corpo de Bombeiros. A queda ocorreu no bairro da Casa Verde, perto do aeroporto Campo de Marte, terminal que opera voos executivos na capital paulista. Pelo menos três casas foram atingidas pelo avião ou pelo fogo causado pela queda. Sete veículos também foram danificados no acidente.
As vítimas fatais são o piloto da aeronave, Guilherme Murbarck, de 26 anos, e o co-piloto , Leonardo Kazumiro Imamura, de 43 anos, segundo a capitã do Corpo de Bombeiros Adriana Leandro de Araújo. Os feridos hospitalizados tiveram ferimentos leves, como escoriações e queimaduras, e não correm risco de morte. Ao todo, doze viaturas do Corpo de Bombeiros foram enviadas ao local por volta das 16h. Cerca de uma hora depois, os Bombeiros informaram, via Twitter, que o fogo já estava controlado.
O monomotor Cessna C-210, prefixo PR-JEE e fabricado em 1980, caiu em um sobrado de dois andares em um trecho residencial da rua Antonio Nascimento Moura. Dois sobrados ao lado também foram danificados. A área fica a cerca de quatro quilômetros do aeroporto. Três dos veículos incendiados —um caminhão de lixo, um carro conduzido por um motorista da Uber e uma Fiorino— ainda seguiam no local na noite desta sexta. Parte da aeronave acidentada esta sobre a fiação da rua e os Bombeiros esperam que a Eletropaulo retire os fios. A equipe aguarda a retirada do avião dos escombros porque a estrutura do imóvel atingido foi danificada. Não está descartado risco de desabamento.
A queda aconteceu perto de um posto de combustível, que no momento recebia um caminhão com 15 litros de gasolina. Funcionários do local contam que viram o avião passando e, de repente, ouviram uma explosão. Segundo eles, o avião já passou pelo posto de gasolina bem baixo. No momento do acidente, todos saíram correndo do posto, conta o frentista Francimar Tomé da Silva. “Parecia que o fogo vinha pra cá. Catei a moto e fui pra longe”, relata. O técnico de segurança do trabalho Ricardo Bustamante, de 47 anos, conta que limpava a garagem da casa que fica na rua de trás quando ouviu o barulho. Deu a volta na rua e viu as casas dos vizinhos incendiando. “Os bombeiros chegaram muito rápido. Foi impressionante o tempo em que apagaram tudo”, conta. Ele viu os vizinhos saírem de casa bastante abalados e chorando, mas não estavam feridos. “Da minha laje, dava pra ver tudo”, ele diz.
Segundo ele, a vizinhança vive com medo por conta dos acidentes de avião no Campo de Marte ou nas proximidades —foram 11 nos últimos dez anos. “Um barulho de avião mais forte, e a gente já fica com medo”, conta. Mesmo assim, ele não pensa em se mudar. “Moro aqui a vida toda, conheço os donos das casas que foram incendiadas desde criança”, afirma. Desde que o acidente foi noticiado, no fim da tarde, Ricardo conta que não deixou de receber ligações de amigos e familiares, que viam sua casa pela televisão. “Tive que explicar que moro na rua de trás, mas medo [de morar nos arredores] dá né? Muitas vezes as aeronaves ficam sobrevoando, esperando pra pousar”, diz.
Débora Cristina Silva, 38 anos, também mora perto do Campo de Marte e foi ao local da queda para ver o que havia acontecido após receber uma série de ligações de pessoas preocupadas sobre o acidente. “A gente vive aqui com medo, porque só vê os aviões passando né? Fica aquela preocupação”, diz. Ela lembra de um acidente que aconteceu no ano passado também na área. “Acho que já não está bom esse aeroporto por aqui né? Tem muita casinha, muito prédio”, diz. Alguns moradores da região contam que há casas pra vender no entorno que não são vendidas por conta da proximidade com o Campo de Marte e os acidentes.
A Infraero informou, por meio de nota, que o voo havia partido do Campo de Marte às 15h55 com destino a Jundiaí, a 55 quilômetros de São Paulo, e caiu logo após a decolagem. Por causa do acidente —cujas causas ainda não foram divulgadas— as operações de pouso e decolagem foram suspensas no Campo de Marte entre 15h56 e 16h55.
Segundo a aeronáutica, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), abriu um processo de investigação. O órgão irá reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a queda. O objetivo, segundo o CENIPA, é o de prevenir que novos acidentes semelhantes ocorram. Não há prazo para o fim na investigação.