Bancada mineira é a mais empenhada no arquivamento da denúncia contra Temer

Central de Jornalismo
Na votação da primeira acusação em plenário, os deputados mineiros deram 33 votos pelo arquivamento do pedido de investigação contra o peemedebista (foto: Ed Alves/CB/D.A Press - 2/8/17)

Na votação da primeira acusação em plenário, os deputados mineiros deram 33 votos pelo arquivamento do pedido de investigação contra o peemedebista
(foto: Ed Alves/CB/D.A Press – 2/8/17)

A luta do presidente Michel Temer (PMDB) para se manter no poder, depois de ser alvo de duas denúncias por corrupção feitas pela Procuradoria-Geral da República, tem encontrado suporte fundamental nos deputados federais de Minas Gerais. Foi deles o maior número de votos na Comissão de Constituição e Justiça, na última quarta-feira, para barrar o prosseguimento da nova acusação por obstrução de Justiça e organização criminosa. Os mineiros também haviam sido os campeões de votos a favor do presidente quando o plenário apreciou, em agosto, a primeira denúncia apresentada pelo ex-procurador Rodrigo Janot. A fidelidade ao Planalto se mantém mesmo com as constantes cobranças por mais recursos para o estado.

A bancada de Minas Gerais deu oito votos favoráveis a Temer na CCJ, a começar pelo do relator, deputado Bonifácio Andrada (PSDB). Além dele, votaram contra o prosseguimento da denúncia os deputados Bilac Pinto e Edson Moreira, do PR, Luis Tibé (Avante), Marcelo Aro (PHS) e Paulo Abi-Ackel e Rodrigo de Castro, do PSDB. O delegado Edson Moreira, inclusive, foi recrutado para substituir um colega na comissão e engrossar os votos favoráveis ao presidente Temer. Outra mineira, a deputada Raquel Muniz (PSD), também chegou a ser cogitada para a função, mas o partido dela acabou optando por outra solução.

Minas Gerais ficou a frente de São Paulo, que deu sete votos a Temer na CCJ. Os demais estados deram de um a 3 votos. A própria CCJ é presidida pelo mineiro Rodrigo Pacheco (PMDB), a quem coube articular as duas votações. Na primeira denúncia, quando o relator Sérgio Sveiter (PMDB/RJ) fez relatório contrário a Temer e o parecer foi rejeitado, Pacheco nomeou o mineiro Paulo Abi-Ackel para fazer novo texto, pedindo a suspensão da denúncia contra o presidente.

Ao chegar ao plenário em agosto, Minas Gerais também deu o maior placar favorável na primeira denúncia contra Temer: foram 33 votos a 18 pelo arquivamento da denúncia. Mais uma vez, o estado ficou à frente de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e todos os demais estados brasileiros. Na proporção, o resultado também foi maior já que o estado tem 53 parlamentares, enquanto os paulistas ocupam 70 cadeiras.

Segundo o deputado Paulo Abi-Ackel, que relatou a primeira denúncia, a postura da bancada mineira se justifica pela responsabilidade. “Os mineiros são responsáveis e fazem política com as virtudes de grandes articuladores políticos do passado, como Tancredo. Não se deixam influenciar por redes sociais quando está em jogo a estabilidade do país, o desemprego e a necessidade de se fazer reformas”, disse. Por redes sociais, Abi Ackel disse se referir a “movimentos meio robotizados de perseguição à liberdade do parlamentar”, que, segundo ele, afetam deputados de outros estados. O tucano disse que votou contra a denúncia porque “não admitiria que o presidente fosse destituído por um flagrante forjado pela PGR”.

Abi-Ackel negou que Temer desprestigie Minas Gerais, apesar de o estado não ter nenhum ministério e, recentemente, ter perdido a batalha contra a venda de usinas da Cemig. Para ele, as perdas do estado são “decorrência de uma série de fatores, mas não de uma má vontade (de Temer) com os mineiros”. O tucano disse que situações como a venda da Cemig são “herdadas do governo do PT (do qual Temer era vice-presidente)”.

Ameaça


Um dos dois únicos mineiros que votaram contra Temer na CCJ (o outro foi Patrus Ananias (PT), o deputado Júlio Delgado (PSB) disse se envergonhar da bancada mineira. “Na primeira denúncia, dos cinco estados mais populosos do país (SP, RJ, MG, RS e BA), Temer só ganhou em Minas. A bancada tinha de estar mais sintonizada com a vontade popular, que deseja não só o afastamento do presidente como uma investigação para que ele possa responder às denúncias. Infelizmente a bancada vai no caminho inverso, sendo puxada por outros sentimentos, como desejo de emendas, cargos e outras benesses”, disse. Delgado disse esperar que os deputados mineiros não repitam o feito da primeira denúncia na votação em plenário, quando o estado deu a Temer o maior percentual de aprovação.

O coordenador da bancada mineira, Fábio Ramalho (PMDB), disse que a bancada deve manter a posição de votar a favor de Temer no plenário. “Será a mesma coisa no plenário, até porque o Bonifácio Andrada é muito respeitado pelos colegas e não ia fazer um relatório que não fosse baseado na lei”, disse. Ramalho disse que a bancada mineira tem estado ao lado do governo independentemente do tratamento dado ao estado por uma questão de “sobrevivência do governo” e “responsabilidade”.

Sobre a falta de atendimento às demandas de Minas, Ramalho afirmou que a resposta será na votação do orçamento da União. Em nova “ameaça” ao governo Temer, a bancada apresentou a Temer uma lista de pedidos que inclui verba para a BR 381 e R$ 1 bilhão para a saúde como forma de compensar a perda das usinas da Cemig. Os deputados dizem que se não forem atendidos não vão aprovar o orçamento.

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