Um assalto a uma loja de produtos infantis Pedacinho de Gente, no final da tarde desta quarta-feira (11), parou um dos pontos mais movimentados da Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Parte das avenidas do Contorno e Nossa Senhora do Carmo foi isolada quando a Polícia Militar (PM) cehgou. A ação aconteceu próxima ao Pátio Savassi e, quando houve o cercamento do local, o ladrão já tinha ido embora.
Cinco mulheres ficaram cerca de 40 minutos em poder do assaltante: a dona da loja, duas funcionária e duas clientes que também foram rendidas. Todas foram mantidas no andar de cima, dentro de um banheiro.
A dona da loja, de 42 anos, conseguiu o celular que um funcionária havia escondido atrás de um micro-ondas e tentou avisar a irmã em uma outra loja, quando o ladrão estava sozinho do andar de baixo, mas não conseguiu. “A minha irmã não entendia nada o que eu estava falando”, comentou.
Só depois de algum tempo, ela avisou a PM. O ladrão já havia fugido e deixou para trás o carregador de uma arma falsa. Segundo a dona da loja, ele levou R$ 300 do caixa, R$ 100 de uma funcionária e o celular de uma cliente. A loja já havia sido assaltada na manhã da última sexta-feira (6) por outros dois homens, que levaram cerca de R$ 15 mil em mercadorias.
‘Falso cliente’
A dona da loja contou que o último assaltante já teria se passado por cliente duas vezes. Na primeira vez, na semana passada, ele comprou um par de meia por R$ 20. “Muito estranho. Não sabia nem a numeração e nem a idade da criança”, disse ela. Na terça-feira (10), ele apareceu de novo para comprar um carrinho. Na quarta-feira (11), disse que havia voltado para buscar um conjuntinho e depois anunciou o assalto. Toda a ação foi registrada pela câmera de segurança e as imagens foram passadas para a PM.
“Quero celular seu e o dinheiro da loja”, disse o ladrão, segundo a vítima. “Ele estava muito agressivo. Aí, eu falei com ele para deixar a gente em paz, que a gente já tinha sido assaltada semana passada. Ele colocou a arma na minha cabeça e engatilhou”, comentou a dona, que tentou explicar que os ladrões da sexta-feira anterior já tinham levado o celular dela, que o dinheiro estava no caixa. “Eu não paguei para ver, mas minha intenção era correr. Ele viu que minha intenção era essa e ele mandou a gente subir”, comentou.
As quatro vítimas estavam no andar de cima e o ladrão sozinho embaixo quando chegou mais uma cliente. A mulher queria uma sandália e ele a levou para o fundo da loja, se passando como funcionário. “Depois, ele disse que era assalto e falou que ela tinha chegado na hora errada. Mandou ela subir e falou com a gente: ‘mais uma coleguinha para vocês’”, contou a dona.
A dona da loja conta que ela e uma outra mulher tiveram as mãos amarradas com fita adesiva. “Aí ele desceu. Eu queria pegar o celular porque uma das vendedoras tinha escondido o celular dela atrás do microondas. Aí, nesse intervalo ele subiu com outra cliente, ouvimos só barulho aqui embaixo depois. Eu me arrisquei, peguei o celular e liguei para minha irmã na outra loja. Aí eu percebi que ela não tinha entendido, passou o tempo e liguei para o 190. Aí não sabia o que era o barulho lá embaixo, se era polícia, se era ele. E ficamos lá trancada durante mais 20 minutos. Ficamos com medo de sair porque ele estava armado, mas ele já tinha ido embora”, contou a dona.
Desespero
Uma babá de 43 anos que era cliente contou que o ladrão não levou nada dela. “Na hora que vi que era assalto, eu joguei a bolsa atrás do balcão e ele não viu minha bolsa. Das outras, ele levou celular, dinheiro da loja e o aparalho telefônico de uma cliente que tinha acabado de entrar também. A gente ficou sem saber se ele tava qui embaixo ou se não estava. Aí que falaram que a gente podia ficar tranquila que era a polícia. Foi muito apavorante”, contou a cliente.
Uma vendedora da loja, de 37 anos, conta que passou mal e precisou ser atendida em um hospital depois. “Eu cheguei a nem sentir as minhas pernas mais, muito susto. Na sexta-feira, eu estava também no assalto e teve nesta quarta de novo. Lugar nenhum mais é sinônimo de segurança, principalmente na Savassi. A cada dia que passa, a onda de assalto está pior. Eu estou muito assustada. São dois assaltos, um atrás do outro. Nós ficamos presas mais ou menos uma hora dentro do banheiro”, contou a vendedora, com as pernas trêmulas e sem conseguir ficar em pé. “Pensei na minha família. Filhos eu não tenho, mas eu tive quase certeza que eu ia morrer. Ele estava muito agressivo, muito violento, mesmo, agitado, nervoso, o tempo todo apontando a arma e falando que ia matar a gente. Semana passada, ele se passou por cliente duas vezes e hoje ele voltou para fazer o assalto. Com certeza já estava monitorando a loja”, disse a vendedora. Segundo ela, o ladrão é de cor parda, alto e magro, com cerca de 29 anos. “Estava muito nervoso. Não reparei se ele tinha sotaque. Parece ser uma pessoa muita agressiva. Não sei falar, mas ele estava muito agitado”, informou.
Policiamento
De acordo com o comandante da 4ª Companhia da PM, major Orleans Dutra, se a dona da loja tivesse ligado logo em seguida para a PM, e não tentado falar com parentes, eles teriam chegado logo em seguida. “Na hora que ela ligou, chegamos em dois minutos e ele (ladrão) já tinha ido embora”, disse o PM.
Os PMs tiveram que cumprir um protocolo de segurança e esperar uma equipe especial averiguar se o ladrão ainda estava na loja para depois entrarem. Ele disse que o policiamento na região é constante e considerou o assalto uma fatalidade. “O local da loja é considerado um corredor de viaturas passando o tempo todo”, afirmou.
“As informações são de que esse autor já esteve na semana passada, fez orçamento, chegou a fazer algumas compras, voltou ontem e fez outro orçamento. Hoje ele voltou falando que ia comprar mercadoria. Logo após, ele anunciou o assalto, quando percebeu que tinham poucas pessoas na loja. Conduziu as pessoas para o banheiro, levou aproximadamente 500,00 e alguns produtos que ainda estão sendo contabilizados”, contou o major. “Se tivesse ligado logo em seguida, possivelmente tínhamos conseguido achar o autor, mas na hora que ela ligou, chegamos em dois minutos e ele já tinha saído”, reforçou. O carregador deixada no local, segundo ele, era de uma arma esportiva falsa.
Trânsito
Devido ao clima de tensão, a Polícia Militar cercou o perímetro do local, o que faz com que o trânsito na avenida Nossa Senhora do Carmo, Contorno, Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo esteja caótico. O fluxo também refletiu nas ruas adjacentes.
Atualizada às 22h47