Um ônibus de turismo foi incendiado na madrugada deste sábado (3) no bairro Jardim Riacho, em Contagem. Segundo o motorista do veículo, ele foi rendido por volta de meia-noite quando estacionava por dois homens em uma moto. Eles atearam fogo no lado de dentro do coletivo e, em seguida, entregaram uma carta escrita a mão à vítima que faz referências a supostos maus tratos a presos no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem.
“O papo está sendo dado. Se não parar com a palhaçada na Nelson Hungria, a ‘oprimissão’ (sic), vai cair um agente por dia, vai ser queimado um posto de gasolina por dia e um ônibus por dia”, dizia a carta entregue ao motorista do ônibus, que não ficou ferido.
Segundo a Polícia Militar, os criminosos são conhecidos do bairro e não possuem relação com a Nelson Hungria.
Coincidentemente, no entanto, a última semana foi de relatos violentos vindos do presídio de Contagem. Na terça-feira (31), foi registrada fuga de detentos, vídeo reclamando de falta de água e até um outro ônibus queimado. Na quinta (1º), novas imagens supostamente feitas dentro da unidade prisional levaram até mesmo ameaças contra um juiz de Execuções Penais da cidade.
No vídeo , dois presos aparecem tapando a cara com uniformes vermelhos com a inscrição Suapi, da antiga Superintendência de Administração Prisional. Primeiramente eles afirmam que a unidade prisional está lotada, com muitas pessoas vindo de fora, e apontam que, no local, não há “assistência médica, jurídica, psicóloga e social”.
“Estamos há dois dias sem água, e eles vem vindo a oprimir nossos familiares, nossas crianças, nossas família vem cedo visitar no sistema e fica ali cinco, seis horas no sol. Isso nós não permitimos … alimentação vindo com bicho, com varejeira, ‘arroz andante’ (sic)”, reclamam os presos.
Até então os presos falavam em um tom mais amigável, mas, de repente, iniciam um discurso um pouco mais violento, afirmando que, se não for para acreditar, que eles “colocariam” para acreditar, que não é para deixar o “pior acontecer”.
” Aí seu Cavalieri (diz o preso fazendo menção ao juiz de execuções penais de Contagem, Wagner Cavalieri), essa é pro senhor! Você está virando as costas, os preso jogado nesse covil aqui ó. Você tem que dar uma atenção pra nós, tudo pai de família buscando … como que você quer a ressocialização do preso rapaz, você tá tirando onda com a nossa cara? Que que você quer? Que a sociedade paga? Responde pra nós, você não tem nem palavra, você não está sendo homem não. Você não está sendo justo, o seu papel você não está fazendo, que é a justiça, seu injusto do #$%& (sic)”, diz um dos presos.
Em seguida outro preso faz novas ameaças. “Nós vamos começar a botar o bagulho pra acontecer lá fora, meter fogo, zuar o bagulho (sic)”, diz.