O barramento tem 23 milhões de m3 de rejeitos de minério de ferro, praticamente duas vezes reservado o volume da Barragem B1 (12 milhões de m3), da Mina Córrego do Feijão, que se rompeu em Brumadinho (2019), com a morte de 270 pessoas.
Essa é a sexta das 18 estruturas com ampliação perigosa, similar à de Brumadinho (alteamento a montante) que ainda serão eliminadas e que já tiveram obras iniciadas. Desde 2019, das 30 que usavam esse método de construção, 40% já foram eliminadas, o que equivale a 12 estruturas (nove em Minas Gerais e três no Pará).
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), a estrutura se encontra em nível 1 de emergência (anomalias precisam de obras urgentes), mas toda intervenção se dará na área interna da mina, sem a necessidade de se remover população abaixo da estrutura.
"Os trabalhos na barragem Campo Grande, na Mina Alegria, em Mariana (MG), contemplam a implantação de reforço para a estrutura, além de adequações no sistema de drenagem para melhoria da condição de estabilidade no longo prazo. A previsão é de geração de até 900 empregos, entre trabalhadores diretos e terceirizados, com priorização da contratação de mão de obra local", informou a Vale.
O reservatório não recebe rejeitos desde 2015. A barragem Campo Grande é monitorada 24 horas por dia, sete dias por semana pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) da Vale, além de passar por inspeções rotineiras de equipes internas e externas, segundo a empresa.
Outras descaracterizações
Em março, o Dique 2 do Sistema Pontal, localizado na Mina Cauê, em Itabira (MG), também teve as obras de descaracterização iniciadas. O processo está previsto para ser concluído neste ano e representará a 13ª barragem alteada a montante da Vale eliminada no Brasil desde 2019.
"A barragem Campo Grande e o Dique 2/Pontal estão incluídas no Programa de Descaracterização de barragens a montante da empresa. A eliminação das estruturas deste tipo do Brasil é uma das principais ações da Vale para evitar que rompimentos como o de Brumadinho voltem a acontecer e faz parte de um processo de mudança na gestão de barragens da companhia. As obras são complexas, trazem riscos e, por isso, as soluções são customizadas para cada estrutura e estão sendo realizadas de forma cautelosa, tendo como prioridade, sempre, a segurança das pessoas, a redução dos riscos e os cuidados com o meio ambiente", informou a Vale.
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Todas as barragens a montante da Vale no Brasil estão inativas e são monitoradas permanentemente, segundo a mineradora. "As ações implementadas nessas estruturas são objeto de avaliação e acompanhamento pelas assessorias técnicas independentes, que fazem parte dos Termos de Compromisso firmados com os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Estado de Minas Gerais", informa a Vale.