O Banco Central enfrenta um “apagão” de funcionários. Nos últimos nove anos, a instituição perdeu pouco menos de um quarto do seu quadro atual de servidores.
Muitos técnicos do BC se aposentaram e não são substituídos. Com as contas públicas deterioradas pelo excesso de gastos e pela queda na arrecadação, o governo Dilma não tem espaço para reforçar as contratações.
Na semana passada, o BC recebeu 250 novos técnicos, totalizando 4.140 servidores. Mesmo com o reforço, o banco tem hoje 952 funcionários menos que os 5.092 registrados em 2005 –queda de 23%.
O BC exerce algumas funções vitais para a economia, como estabelecer a taxa de juros e fiscalizar os bancos. Seus funcionários precisam ser altamente qualificados.
Segundo Daro Piffer, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), o BC vem reduzindo sua área administrativa, mas já há falta de funcionários para fiscalização.
Em nota enviada à reportagem, o BC informou que “qualquer redução da força de trabalho implica risco de perda de conhecimento” e “que vem racionalizando seus processos de forma compatível com o efetivo de servidores que dispõe”.
A legislação estabelece um quadro de 6.470 servidores para o BC, mas esse número não é alcançado desde meados da década de 90.
Em 2005, o banco identificou um problema de evasão de talentos, já que mais de 50% de sua força de trabalho teria direito a se aposentar nos próximos cinco anos.
Foram realizados concursos, mas com número de funcionários inferior ao necessário. Na última seleção, foram abertas 500 vagas, mas só 250 chegaram a ser contratados.
De acordo com o Ministério do Planejamento, isso ocorreu “em razão da necessidade de contemplar o conjunto de demanda de todos os órgãos, frente a disponibilidade orçamentária”.
DILMA
Depois de uma forte redução da folha de pagamentos do serviço público no governo FHC, o ex-presidente Lula contratou aproximadamente 100 mil servidores.
Dilma contratou outras 32 mil pessoas, mas sua folga fiscal é menor. O próprio BC já afirmou várias vezes que o excesso de gastos dá combustível para a inflação.
Segundo o economista Marcelo Caetano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o problema hoje verificado no BC tende a se generalizar, pois muitos servidores estão chegando perto da aposentadoria.
Pelas regras atuais, essas pessoas ainda têm direito a aposentadoria integral, reduzindo a margem do governo para contratações.