Às vésperas do julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que vai decidir se a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nove anos e seis meses de prisão será confirmada, pessoas favoráveis e contrárias ao petista se reuniram em dois pontos da região Centro-Sul de Belo Horizonte para manifestarem. A Polícia Militar (PM) não divulgou a estimativa de público nos eventos e, até o momento em que a reportagem esteve nos locais, os organizadores não haviam estimado o número de presentes nos atos.
O grupo a favor do petista se concentrou desde as 17h na praça Afonso Arinos, no centro da cidade e depois seguiu para a praça Sete, também na região central. Vários manifestantes usaram adesivos, faixas, bandeiras e camisas com os dizeres “Lula guerreiro do povo brasileiro” e “Eleição sem Lula é fraude”. Além disso, entoaram ao som de batuques palavras de ordem, como “Lula, seu ladrão, roubou meu coração”.
O secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, Jairo Nogueira Filho, explica que o ato em prol da candidatura de Lula é simbólico e ocorre em todo país e no exterior. “Não foi apresentada nenhuma prova com relação ao triplex, é só convicção. Pode-se hoje condenar alguém por convicção? Então, questionamos aqui hoje: Cadê as provas contra o Lula?”, indaga.
O estudante de Relações Públicas Rafael Bracarense, 21, afirma que o protesto expressa a vontade do povo de que Lula seja candidato nas eleições do ano que vem. “Acredito que, infelizmente, ele vai ser condenado. E cabe ao povo ir para as ruas para tentar barrar isso”, declarou.
A avaliação dele é compartilhada por Daniela Gomes, 44, esteticista, que diz estar com “frio na barriga” com o resultado do julgamento. “A importância de estar aqui é para lutar pela democracia e contra o Estado de exceção que estamos vivendo. O Lula sendo condenado sem provas, qualquer um de nós pode ser condenado sem provas”, analisa.
Nesta quarta-feira, dia 24, a partir das 8h, os grupos vão realizar uma vigília em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e, após o resultado do julgamento, um ato político será feito.
Em frente à Justiça Federal, outro ato, organizado pelo movimento Vem pra Rua, reuniu populares que defendem a condenação do petista. Bonecos infláveis com roupas de presidiários de Lula, do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), do senador Aécio Neves (PSDB) e do presidente Michel Temer (PMDB) foram erguidos em frente ao prédio.
Os manifestantes se mobilizaram com apitos, buzinas, vestiram camisas das cores verde e amarela, cantaram o Hino Nacional e proferiram palavras de ordem, como “Não é em Atibaia, nem no Guarujá, é na Papuda que o Lula vai morar”. Mais tarde, com velas, eles iriam formar a frase “Ninguém está acima da lei” e encerrar a manifestação.
A médica Kátia Pegos, coordenadora do Vem pra Rua em Minas, classifica o protesto como um gesto em apoio à Justiça. “Nas últimas semanas a Justiça tem sido atacada de várias formas, inclusive por senadores da República, o que causou uma grande vergonha. E é um ato que fala da nossa confiança de que amanhã vai ser confirmada a punição justa e necessária de Lula, para que os nossos filhos e netos vejam que ninguém está acima da lei e que lugar de corrupto é na prisão”, diz.
A aposentada Katia Vanderlei, 61, afirma que o ato mostra para o juiz Sergio Moro e para a Justiça que o povo está ao lado deles. “É para mostrar apoio a tudo aquilo que ele faz pelo povo brasileiro, todas as medidas que ele vem tomando para acabar com a corrupção no Brasil e eu estou lutando para o povo jovem. Estou aqui para gritar: ‘Lula ladrão, seu lugar é na prisão’”, declarou.
O comerciante Antônio Áureo, 74, explica que ir até o protesto serve para mostrar a insatisfação do povo “com tudo está acontecendo no país”. “Espero que ele seja condenado, mas não tenho muito esperança porque sei que ele não vai para a cadeia. Mas o povo tem que fazer alguma coisa”, afirmou.