Mais de um motorista foi preso por hora durante uma operação da Lei Seca que ocorreu em Belo Horizonte e em outras 17 Regiões de Segurança Pública do interior do Estado, entre a noite de sábado e a madrugada de domingo. A ação durou menos de 12 horas. Conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), além de 17 prisões, foram 87 infrações por embriaguez – quando o teor não ultrapassa 0,33 mg de álcool por litro de sangue. No total, 104 pessoas foram flagradas dirigindo bêbadas durante a operação Sou Pela Vida. Dirijo Sem Bebida, que abordou 1.954 motoristas.
Para a coordenadora de trânsito da Diretoria de Integração Operacional da Sesp, Christianne Aguiar, os motoristas estão se conscientizando mais em relação ao perigo da mistura de álcool e direção. Ela argumenta que o número de infrações já foi maior em operações anteriores. No entanto, o consultor de transporte e trânsito Silvestre de Andrade Filho acredita que, apesar de estarem mais conscientes, os condutores não têm medo de se arriscarem e dirigir após beber.
“As blitze são fundamentais. Não existe legislação que tenha eficácia sem fiscalização”, defendeu o especialista, que acredita que são poucas as ações realizadas hoje em dia em Minas. Ele considera que os motoristas precisam ter medo de beber e dirigir, no entanto essa ainda não é uma realidade no Estado. “A sensação de impunidade persiste, embora a conscientização tenha aumentado. A fiscalização tem que ser intensificada para mudar o hábito”, disse.
Prática. Apesar de não apresentar números, a representante da Sesp, por outro lado, garante que há operações diárias da Lei Seca em Belo Horizonte, na região metropolitana e no interior. Já as ações do programa Sou pela Vida. Dirijo sem Bebida ocorrem uma vez por mês. Nessas ocasiões, segundo Christianne, há uma integração das forças de segurança, com policiais militares e civis e agentes de trânsito.
Na ação deste fim de semana, somente na região de Montes Claros, no Norte de Minas, 160 motoristas foram abordados. Na região de Contagem, oito condutores foram autuados por dirigirem embriagados. De acordo com Christianne, o objetivo da Sesp é aumentar o número de operações da Lei Seca neste ano. No entanto, ela não informou como isso será feito.
“Eu acho que não falta fiscalização. O condutor que bebe tem a ilusão de que em Belo Horizonte ou em outros municípios não terá fiscalização, porque ainda não foi parado. No ano passado, já conseguimos aumentar a fiscalização. Neste ano, vamos aumentar mais”, garantiu.
Feriado de Carnaval terá fiscalizações em todo o Estado
O Carnaval terá operações da Lei Seca em todo o Estado. A garantia foi dada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), que não repassou números nem informou se a fiscalização será intensificada. “Não vamos deixar o Estado descoberto. A articulação dessas operações ainda está sendo realizada”, afirma a coordenadora da Diretoria de Integração Operacional, Christianne Aguiar.
Para o consultor de transporte e trânsito Silvestre de Andrade Puty Filho, o Carnaval é uma boa oportunidade para que haja reforço na fiscalização e para que os motoristas abandonem o hábito de dirigir depois de beber. “Temos oferta de táxis, aplicativos, transporte público. Não tem desculpa. Dá também para usar o carro do amigo que não bebe ou fazer um rodízio. Cada um da turma deixa de beber um dia para dirigir”, diz.
Ele lembra que a legislação tem tolerância zero – uma dose de bebida já resulta em infração. “O reflexo fica muito mais lento, e a noção de direção e de profundidade muda totalmente. O motorista pode achar que o outro carro está muito longe quando, na verdade, está perto. Pisar no freio nessa condição pode demorar o triplo do tempo de alguém sóbrio”, exemplifica ele.
O servidor público Danilo Garcia, 31, ficou um ano sem a carteira de habilitação e gastou mais de R$ 1.600 para reaver o documento. Depois de ser pego na blitz da Lei Seca, ele mudou os hábitos. “Eu havia bebido dois copos de chope. Atualmente, pego um Uber, táxi ou carona”, revela.
Saiba mais
Tecnologia. Na operação do fim de semana, a carreta do Centro Integrado de Comando e Controle Móvel (CICC Móvel) deu apoio às operações. O veículo é equipado com câmeras com alcance de mais de 30 m². O CICC permite a integração de sistemas e o cruzamento de informações. É possível checar, por exemplo, se o condutor tem mandados de prisão em aberto ou se ele é obrigado a usar tornozeleira.