O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colocou o pé no acelerador em dezembro e ultrapassou a casa dos R$ 150 bilhões em desembolsos em 2012. Quem já viu os números conta que a meta inicial traçada pelo presidente do banco, Luciano Coutinho, foi superada até com uma certa folga.
Para chegar a essa cifra, o banco de fomento deu um salto no ritmo de liberação dos recursos em dezembro. Depois de quatro meses de desembolsos na faixa dos R$ 13 bilhões, o BNDES deve anunciar nas próximas semanas que liberou mais de R$ 30 bilhões no último mês de 2012. Esse feito só foi conseguido antes duas vezes, sempre com a ajuda de desembolsos expressivos para a Petrobrás.
A primeira vez foi em julho de 2009, quando o banco liberou quase R$ 24 bilhões para financiar a construção da refinaria de Abreu e Lima no Nordeste, pela estatal. A segunda aconteceu em setembro de 2010, com o BNDES desembolsando aproximadamente R$ 25 bilhões para a operação de capitalização da Petrobrás.
Agora a petroleira saiu de cena. No entanto, o setor público não deixou de ter um papel de destaque no bom desempenho do banco. De acordo com uma fonte, os desembolsos relativos ao Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal (Proinveste) foram os responsáveis pelos números de dezembro. O programa é um tipo de financiamento para viabilizar investimentos de Estados brasileiros.
Também colaborou para que o BNDES superasse a meta traçada por Coutinho a liberação de R$ 3,2 bilhões referentes à primeira parcela do financiamento para as obras de construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Ao longo de 2012 o governo vem lutando para conseguir incentivar investimentos, mola propulsora do crescimento econômico. Sem sucesso, o Planalto teve de engolir o “pibinho” do terceiro trimestre. Na tentativa de mudar o quadro, o governo lançou pacotes para incentivar investimentos em infraestrutura, como nos segmentos de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Tudo para ver o empresariado tirar a mão do bolso.
Para o economista Alexandre Schwartsman, no entanto, o poder do BNDES de turbinar a economia é limitado. “É preciso ser muito ingênuo para acreditar que isso tudo (os desembolsos) é investimento (…) Se dependesse de o governo enfiar dinheiro no BNDES, a economia estaria crescendo muito mais rápido do que isso”, disse.
Claudio Frischtak, sócio da consultoria Inter B, também não enxerga na reação dos desembolsos do BNDES em dezembro um sinal claro de retomada da economia. Em sua avaliação, uma resposta mais significativa só virá a partir de meados do ano. Mas admite que o cenário hoje é mais promissor e que o patamar de juros convidativo do BNDES ajuda a atrair os empresários interessados em tirar da gaveta projetos de expansão. “Alguma antecipação de investimento por causa do receio dos empresários desses juros não se manterem tão atraentes por muito tempo”, afirmou.