A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve envolvido em uma associação criminosa para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo. Segundo o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), foram desviados ou houve tentativa de desvio de itens cujo valor de mercado totaliza R$ 6,8 milhões.
Inicialmente, o valor indicado no relatório da PF era de R$ 25 milhões. No entanto, a PF esclareceu que houve um erro material e que o valor correto é de R$ 6,8 milhões. Os itens em questão foram recebidos por Bolsonaro e comitivas do governo em viagens internacionais, sendo posteriormente negociados para venda no exterior.
De acordo com a investigação, os valores das vendas foram convertidos em dinheiro em espécie, sem uso do sistema bancário formal, para ocultar a origem, localização e propriedade dos valores. A PF também revelou que os recursos ilícitos retornaram ao patrimônio de Bolsonaro e sua família por meio de lavagem de dinheiro enquanto ele estava nos Estados Unidos, após ser derrotado nas eleições presidenciais.
Na última semana, Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas. Entre os suspeitos estão Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e os advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten e Frederick Wassef. As investigações apontam que o ex-presidente não utilizou recursos de suas contas bancárias para custear seus gastos nos EUA entre dezembro de 2022 e março de 2023, utilizando dinheiro em espécie para despesas cotidianas.
A PF protocolou no STF os documentos do indiciamento de Bolsonaro e dos outros suspeitos. O ex-presidente é suspeito dos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato/apropriação de bem público. A Procuradoria-Geral da República (PGR) está analisando se deve denunciar Bolsonaro, cabendo à Justiça decidir se ele será réu.
O advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, afirmou que o ex-presidente nunca teve a intenção de se apropriar de bens públicos e que os presentes obedecem a um rígido protocolo de tratamento e catalogação. As defesas dos outros suspeitos não se manifestaram até o momento.