Este artigo contém opinião | Por Paulo Braga
Brasil. Protestos contra e a favor do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), marcaram as celebrações da Independência no Brasil nesta terça-feira (7.set.2021). Bolsonaro promoveu um dos piores episódios da história brasileira, com ataques à democracia.
Vestidos com as cores da bandeira do Brasil, extremistas atacaram o sistema democrático de direito, o sistema eleitoral brasileiro, a imprensa e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro chegou a xingar o ministro Alexandre de Morais. Chegou a afirmar que não respeitará as decisões do ministro.
Com um vocabulário restrito e analogias simplórias, o presidente vem afirmando que o STF não deixa o governo trabalhar. O que Bolsonaro não menciona é que o STF nunca o proibiu de comprar vacinas contra a Covid-19, nunca apresentou imposições para que ele atue contra a alta inflação, nunca o impediu de agir para minimizar os impactos da pandemia e sequer apresentou empecilhos para que ele atue contra os incêndios criminosos na Amazônia.
“Aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede pra sair”, disse.
Mais tarde, em São Paulo, o presidente voltou a atacar Moraes e afirmou que não cumprirá mais ordens do ministro do STF.
“Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, discursou.
Se o presidente Jair Bolsonaro usou o discurso de Brasília para lançar o balão de ensaio do Estado de Sítio contra o Supremo Tribunal Federal, em São Paulo ele voltou a desafiar os Poderes com o não cumprimento de decisões não apenas judiciais como legislativas, como é o caso da rejeição do voto impresso pelo Congresso Nacional. “Só Deus me tira de lá. Preso, morto ou com vitória. E quero dizer aos canalhas que nunca serei preso. Minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós”, disse.
Diante de quase 600 mil mortos na pandemia de Covid-19, aumento de preços, do desemprego e da fome, os atos pedem a saída do presidente.
Em contrapartida, manifestantes protestam contra o governo Bolsonaro e a escalada da crise institucional e econômica.
Crises artificiais
As constantes crises artificiais do governo Bolsonaro tem uma razão sistemática para existirem — esconder os desmandos e a falta de competência de gestão.
Bolsonaro não tem um projeto de governo capaz de tirar o Brasil da crise financeira, não tem capacidade de criar um plano de crescimento sustentado.
Enquanto o mundo discute o pós pandemia, o Brasil de Bolsonaro cria uma crise contra o STF. Enquanto o planeta busca medidas para combater a fome e a miséria agravadas pela pandemia, o Brasil extremista de Bolsonaro discute ‘voto impresso’ — uma grande insensibilidade.
Um governo que tem ódio da cultura e do conhecimento
O governo descontrolado de Bolsonaro que firma nos pilares da ignorância e da mediocridade. A cultura, conhecimento e a educação são temas combatidos com ferocidade.
A defesa dos costumes da família se contrasta com a corrupção na compra de vacinas e o esquema de peculato — denominado de forma eufêmica de ‘rachadinha’.
Por que ainda há apoio a Bolsonaro?
Polícias
O grande apoio que o governo de Bolsonaro ainda encontra na polícia é o fato dos militares terem sido poupados da Reforma da Previdência. O uso da força e da violência promovidos pelo presidente também é assimilado por alguns integrantes das polícias.
Ressentimento e fracasso
O fracasso pessoal de grande parte dos apoiadores de Bolsonaro se reflete no apoio incondicional e desregrado.
“Grande parte dos eleitores do Bolsonaro parece ter um perfil que é o ressentimento”, disse Luiz Felipe Pondé no programa Linhas Cruzadas, da Tv Cultura.