Em vídeo de dois minutos e 20 segundos de duração, publicado nas redes sociais na noite desta quarta-feira (2/11), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pede a manifestantes que desobstruam as rodovias. “Tem algo que não é legal: o fechamento de rodovias no Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas”, afirmou. “Desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas”, disse.
O chefe do Executivo alegou que protestos e manifestações “são bem-vindas” e fazem parte do “jogo democrático”, desde que não prejudiquem o direito de ir e vir da população. Bolsonaro também mencionou o prejuízo econômico ao país e disse entender que, a exemplo dele, seus apoiadores se sentem “tristes e chateados” e que “esperavam outra coisa”, mas que é preciso “colocar a cabeça no lugar”.
“Brasileiros que estão protestando por todo o Brasil: sei que vocês estão chateados, estão tristes, esperavam outra coisa. Eu também. Estou tão chateado e triste como vocês, mas nós temos que ter a cabeça no lugar. Os protestos, as manifestações são muito bem-vindos e fazem parte do jogo democrático. E, ao longo dos anos, muito disso foi feito pelo Brasil, na Esplanada, Copacabana, Paulista, entre tantos e tantos lugares. Mas tem algo que não é legal: o fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas”, apontou.
Bolsonaro reiterou o apelo aos manifestantes para que liberassem as vias e que ficassem à vontade para protestar em praças e locais públicos.
“Está lá na nossa Constituição e nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo na nossa economia. Sei que a economia tem sua importância. Você talvez está dando mais importância a outras coisas agora. É legítimo. Mas eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder, nós aqui, essa nossa legitimidade. Outras manifestações vocês estão fazendo pelo Brasil todo, em praças, fazem parte, repito, do jogo democrático. Fiquem à vontade e deixo claro: vocês estão se manifestando espontaneamente.”
“Colocamos a nossa Polícia Rodoviária Federal desde o primeiro momento para desobstruir rodovias pelo Brasil e eles têm feito um trabalho de tentar desobstruir, mas são muitos pontos e as dificuldades são enormes. Prejuízo todo mundo está tendo com essas rodovias fechadas. Um apelo que eu faço a vocês: desobstruam as rodovias, protestem de outra forma, em outros locais que isso é muito bem-vindo, faz parte da nossa democracia.”
O chefe do Executivo também transpareceu receio de que seus simpatizantes mais radicais “pensassem mal” dele por conta do pedido.
“Por favor, não pensem mal de mim. Eu quero o bem de vocês. Ao longo desse tempo todo à frente da Presidência, colaborei para ressurgir o sentimento patriótico, o amor à pátria, as nossas cores verde e amarela, a defesa da família, a defesa da liberdade. Não vamos jogar isso fora. Vamos fazer o que tem que ser feito. Estou com vocês e tenho certeza que vocês estão comigo. O pedido é rodovias: vamos desobstruí-las para o bem da nossa nação e para que nós possamos continuar lutando por democracia e por liberdade. Muito obrigada. Deus abençoe o nosso Brasil”, concluiu.
Na terça, de maneiro menos clara, Bolsonaro já havia pedido para que os caminhoneiros saíssem das vias, caracterizando ainda que manifestações são “bem-vindas”, e, em crítica ao Judiciário, alegou que os bloqueios de caminhoneiros em vias do país ocorrem por um “sentimento de injustiça” de como se deu o processo eleitoral. Porém, mais uma vez, pediu de forma indireta aos mesmos que liberassem as vias, justificando em críticas à esquerda que os métodos utilizados por seus apoiadores, “não podem ser os mesmos da esquerda”.
“Os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda que sempre prejudicaram a população como invasões de propriedade, destruição de patrimônio, cerceamento do direito de ir e vir”, apontou na data.