O gás de cozinha que está chegando às distribuidoras está acabando rapidamente. Na SJ Gás, no bairro Eldorado, em Contagem região metropolitana de Belo Horizonte, chegaram 60 botijões de gás de 13 kg nesta quarta-feira que foram vendidos em “algumas horas”, segundo Sarah Regina de Freitas, proprietária da distribuidora.
Por volta de 16h todos já estavam vendidos ou reservados Segundo ela, ela tinha uma fila de espera de cerca de 50 clientes aguardando a chegada do gas. “Antes da greve, eram 70 botijões por dia. Desde sexta-feira passada está muito difícil de conseguir. Ontem consegui dez e anteontem dez também”, conta Sarah.
O botijão de 13kg saiu por R$ 70 no local é R$ 75 para entrega no bairro. Antes da greve, segundo Sarah, era vendido até por R$ 60. O preço mais alto não assustou o vendedor Erasmo Roberto Fernandes, 44. “Diante da dificuldade de achar, nem achei caro. Já estava sem em casa, cozinhando com gás emprestado da minha vizinha” conta.
Já o comerciante Edmundo Ferreira, 60, proprietário do restaurante Açaizeira, no Mercado Central de Contagem, levou dois botijões e lamentou não ter mais vasilhames vazios. Eu queria levar quatro. Mas tenho um restinho de gás nos meus dois outros botijões e nesse momento não dá pra desperdiçar”, avalia.
Segundo Sarah os distribuidores maiores, como o que a abasteceu e fica na região do Barreiro, estão com preços mais salgados do que antes da greve dos caminhoneiros.
Adaptação
Para o comerciante Erasmo Fernandes a queda do movimento no Mercado Central de Contagem, a dificuldade de achar produtos e a alta dos preços estão gerando prejuízos que ainda não podem ser contabilizados.
“Os preços subiram muito. O saco de batatas subiu 150%. Está custando R$ 200. Não tem como eu colocar no PF que eu sirvoe custa R$ 10 um produto que está custando R$ 200. Então, a gente vai adaptando o cardápio, colocando o que encontra” diz Fernandes. Ele relata dificuldade de encontrar mamão, abacaxi, abacate, cenoura e cebola. “O Ceasa está muito vazio”, afirma.
Negócio de pai para filho
Entregador autônomo de botijão de gás na região do Eldorado, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, Leandro Júnior, 33, contou com a ajuda do pai para trabalhar nesta quarta-feira. Ele conseguiu o gás de cozinha para atender os clientes na distribuidora SJ Gás, mas estava sem gasolina . Então pegou um galão de combustível com o pai.
“É o segundo galão que ele me empresta. Se não fosse isso, eu não conseguir trabalhar esses dias” disse Júnior. “Meu carro está parado, abasteci semana passada e minha gasolina está indo toda para a moto dele. Mas como você vê um filho sem trabalhar e não faz nada? Não tem problema depois, quando a situação normalizar, ele me passa a gasolina” diz o aposentado Paulo Roberto Oliveira, 63, pai de Leandro.