Por Tácido Rodrigues
Ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Raquel Dodge, procuradora-geral da República. Em comum, autoridades que ocupam cargos públicos relevantes e simbolizam um grupo específico da população: as mulheres. Porém, esse cenário de representatividade feminina ainda é exceção quando o assunto é o poder público. Dados disponíveis no site do Conselho Federal de Justiça indicam que apenas 29% dos cargos de magistrados existentes na Justiça Federal são ocupados por mulheres.
No legislativo, o quadro não é muito diferente. Dos 513 deputados federais eleitos em 2014, apenas 51 eram mulheres. Isso significa uma proporção de menos de uma mulher para cada dez deputados homens. A assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) Natalia Mori afirma que a falta de representantes femininas no poder é um problema social histórico que precisa de solução. “Relevar essa questão é primordial se a gente quer ter uma sociedade mais igualitária, com mais cidadania e autonomia para as mulheres brasileiras. A partir do momento em que você não se vê representada nas instâncias de poder, você não percebe que as suas questões, o seu dia a dia está sendo colocado como problema de política pública, de legislação”, lamentou.
Membro da bancada feminina da Câmara Federal, a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) defende a adoção de políticas públicas que efetivamente sejam mais igualitárias entre homens e mulheres. “Penso que cada vez mais é necessário políticas afirmativas. Você não pode tratar o desigual de maneira igual. É preciso que você ajude a superar algo que é o mais difícil que tem, que são os aspectos culturais. Você transformar o tipo de machismo que existe na sociedade brasileira, que é secular, você precisa traduzir isso em políticas públicas com essa visão de superar desigualdades”, disse.
Um relatório apresentado no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial indicou que o Brasil ocupa a posição de número 79 entre 144 países avaliados na participação política e econômica das mulheres. O levantamento estima ainda que, nesse ritmo, países como o Brasil demorariam 170 anos para alcançar a igualdade econômica entre mulheres e homens.