Quando a gente entra em loja ou site para comprar uma televisão, descobre que é quase impossível encontrar uma comum: a maioria é das inteligentes, já conectadas à internet. Na hora de assistir a um filme ou série, os serviços de streaming – como Netflix e Amazon – e os aplicativos dos canais crescem, enquanto a TV por assinatura não para de perder clientes. Entre março do ano passado e março deste ano, 1,081 milhão de assinantes dispensaram o serviço. O resultado dessa mudança na oferta dos aparelhos e na forma como o conteúdo chega ao público já aparece nas estatísticas.
Em 2017, 2,1 milhões de domicílios passaram a ter ao menos um televisor conectado à internet, um crescimento de 40% na comparação com 2016. Agora, para acessar a internet, a TV é mais usada que o tablet: 10,6% dos domicílios do país já possuem um televisor conectado, enquanto o tablet é usado para esse fim em 10,5% dos lares. Os dados são do estudo “Características gerais dos moradores e dos domicílios 2017”, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) – um retrato fiel dos lares brasileiros divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a estagnação da presença dos tablets – hoje quase completamente relegados ao papel de entreter crianças –, os smartphones assumiram o posto de aparelho preferencial para o acesso à internet. Os celulares estão presentes em quase a totalidade (92,7%) dos domicílios brasileiros. Em 48,151 milhões de casas (69% do total), ele é a porta de entrada para a rede mundial, conforme os dados de 2017. Foi um crescimento de 15,3% em relação a 2016.
Segundo a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira, os números de uso dos celulares para acessar a internet podem estar subestimados. Embora ainda existam pessoas que têm celular, mas não usam a internet no aparelho, é possível que as famílias entrevistadas pelo IBGE não identifiquem o uso de e-mail e aplicativos de redes sociais como acesso à internet. “A maioria das pessoas que usam a web no celular o faz para envio de mensagens”, disse Maria Lúcia, referindo-se a um recorte da Pnad com dados de 2016 sobre uso de tecnologia, divulgado no início deste ano. Por isso, explicou a pesquisadora, a partir de 2019 o questionário da Pnad passará a incluir perguntas específicas sobre o tipo de uso da internet no celular.
No fim do ano passado, 70,5% dos lares do país já tinham acesso à web – mais do que rede de esgotamento sanitário, que é oferecida a apenas 66% das residências. Esse índice pouco melhorou em relação a 2016, quando era de 65,9%.
Impulso extra. Os brasileiros querem mesmo assistir aos jogos da Copa do Mundo em uma televisão nova: o volume de vendas de TVs subiu 42,29% no país no primeiro trimestre de 2018, com relação ao mesmo período do ano passado. Foram 3,6 milhões de unidades vendidas no primeiro trimestre, segundo os dados divulgados pela Eletros, que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos. A TV foi o único eletrodoméstico com alta nas vendas no primeiro trimestre de 2018: houve queda na linha branca (fogões, refrigeradores e lavadoras) e em portáteis. (Com agências)
Mais gente está morando de favor
Rio de Janeiro. Em 2017, apesar de a atividade econômica ter dado sinais de recuperação, o bolso apertado pelas altas taxas de desemprego se refletiu em mudanças nas condições de moradia da população. Dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira indicam que, na crise, a solução foi recorrer à família e aos amigos. De acordo com a Pnad, cresceu o número de imóveis com dois, três ou quatro moradores, enquanto houve redução no número de lares ocupados por só uma pessoa.
Também chama a atenção o número de famílias em imóveis cedidos, ou seja, que moram de favor, que cresceu 7%: de 5,6 milhões de lares em 2016 para 6 milhões no ano seguinte. O número de domicílios em imóvel próprio (quitado ou ainda sendo pago) diminuiu, o que reflete, segundo o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social e ex-presidente do Ipea, maiores dificuldades de financiamento imobiliário. “Até porque as condições não estavam boas, nem de renda, nem crédito”, afirmou.
Mudanças
Lenha e carvão
Aumentou de 16,1% para 17,6% a parcela de lares que usam, além do gás, lenha ou carvão para cozinhar. Mais 1,2 milhão de brasileiros passaram a usar esse combustível. No ano passado, o preço do gás subiu 16%, mais que o quíntuplo da inflação.
Chefes de família
A parcela de lares chefiados por homens já é inferior a 40% do total de 69,8 milhões de domicílios no país. Já o número de famílias comandadas por mulheres cresceu.
Fonte: O TEMPO