Uma rebelião no maior presídio do Amazonas, que durou mais de 17 horas, registra, ao menos, 60 presos mortos, segundo a SSP (Segurança Pública do Estado). Entre as vítimas, segundo as primeiras informações, há decapitados.
O motim começou na tarde deste domingo (1º), no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8 da BR-174, em Manaus.
Dos reféns no Compaj, 74 eram detentos e outros 12 funcionários da Umanizzare, empresa de gestão privada que presta serviço no complexo. Os funcionários foram liberados, na manhã desta segunda (2), sem ferimentos. Ainda não foi informado quantos detentos ficaram feridos.
A prioridade do governo é retomar a ordem do sistema prisional e recapturar os presos que fugiram.
O Ministério da Justiça e Cidadania informou que o ministro Alexandre de Moraes manteve durante todo o tempo contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira durante a rebelião. O governador disse ainda que utilizará os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), na última quinta-feira (29), para colocar a unidade de pé.
BRIGA ENTRE FACÇÕES
A rebelião foi motivada por uma briga entre as facções Família do Norte e PCC, segundo Marluce da Costa Souza, coordenadora da Pastoral Carcerária do Estado. Ela afirma ainda que há problema de superlotação no presídio, mas não soube informar o número atual de presos e a capacidade do local.
Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o presídio contava em outubro do ano passado com um deficit de 131 vagas —a unidade tem capacidade para 454 homens, mas abrigava 585 presos.
A SSP também informou que os líderes das facções que atuam no presídio não fizeram exigências. O massacre é tratado apenas como uma guerra entre os grupos criminosos.
De acordo com as investigações, a rebelião foi comandada pela Família do Norte.
FUGA
Pouco antes da rebelião com mortos no Compaj, 87 presos fugiram do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), um presídio penal a 5 km dali –o Ipat tem 229 internos, e o governo estadual ainda está fazendo contagem de preso. No início da tarde, entre 40 e 60 já tinham sido recapturados.
Também houve fuga de presos no Compaj, mas o governo não soube informar quantos.
Segundo Sérgio Fontes, secretário de Segurança Pública da capital, esta pode ter sido a maior fuga da história do Amazonas.
A Seap (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária) pasta que administra o sistema penitenciário do Amazonas, isolou toda a área onde ficam as duas unidades prisionais. Nas vias que dão acesso à rodovia BR-174, foram montadas barreiras policiais para auxiliar na busca por fugitivos além de impedir que parentes se aproximem dos presídios.