Na última fuga da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana da capital, ocorrida na noite de quinta-feira, um dos seis detentos que escaparam teve os planos de liberdade frustrados pela atuação de um cão de pequeno porte. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), Bruno Henrique Silva de Souza foi encontrado ferido em uma casa em construção.
Os moradores do bairro Ipê Amarelo, que fica nas imediações da Nelson Hungria, disseram que Bruno se machucou durante a fuga. Ele teria sido baleado, segundo as testemunhas, que ouviram diversos disparos de arma de fogo. O homem aterrorizou os moradores de uma casa antes de ser recapturado. De acordo com uma mulher, que pediu para não ser identificada, o fugitivo quase entrou na residência dela. Ele pulou o muro de madeira e arame com a ajuda de um dos outros detentos, que escapou. Em seguida, Bruno bateu à porta diversas vezes pedindo ajuda. A filha dela quase abriu, imaginando que fosse algum parente.
“Bateram na minha porta, disseram que ‘tava’ morrendo, que ‘tava’ perdendo muito sangue, e depois tentaram arrombar a janela do quarto da minha menina. A roupa que tava no varal tá toda ensanguentada. Ele pegou os vestidos da minha menina para tentar tapar os buracos do sangue”, conta.
Segundo outra moradora, foi o cachorrinho dela, um cão da raça pinscher chamado Dandan, que ajudou a localizar o preso depois que ele tentou se esconder na casa em construção do outro lado da rua. A mulher conta que o cão latia incessantemente na direção da residência vizinha até que os agentes perceberam que o bichinho “apontava” a localização do fugitivo. “Os policiais diziam: ‘O cachorro tá mostrando alguma coisa’. Eles desconfiaram e acabaram encontrando o bandido na casa do vizinho”, lembra.
Segundo a Polícia Militar, integrantes da corporação realmente estiveram na Nelson Hungria para ajudar nas buscas pelos presos, mas nenhum policial teve participação na recaptura de Bruno de Souza. A moradora que citou “policiais” pode ter confundido os agentes do Comando de Operações Especiais (Cope) com PMs.
Tereza. A Seap explicou que os seis presos fugiram depois de serrar as grades de um dos pavilhões. Eles usaram uma corda feita com lençóis, conhecida como tereza, para pular o muro.
Seap não confirma tiros; preso passa bem
Logo após ser recapturado ferido ainda na noite de quinta-feira, nas imediações da penitenciária Nelson Hungria, no bairro Ipê Amarelo, em Contagem, Bruno Henrique Silva de Souza foi encaminhado para o Hospital Municipal de Contagem. A reportagem confirmou que o homem levou dois tiros, sendo que um deles atingiu uma artéria. Bruno de Souza já passou por cirurgia, não corre risco de morrer e o estado de saúde dele é estável.
Procurada, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) não confirmou que Bruno tenha sido baleado, mesmo quando confrontada com as informações apuradas pela reportagem. A pasta não conseguiu explicar nem sequer qual ferimento o fugitivo apresentava.
A reportagem perguntou quem foram os agentes responsáveis pela captura do fugitivo na casa em construção, mas a pasta não informou se foram agentes penitenciários ou integrantes do Comando de Operações Especiais (Cope).