Cerca de 15 cadáveres de cães em decomposição foram encontrados, no último sábado, embalados em sacos plásticos e jogados às margens da estrada do Sanatório, no bairro Granja Werneck, na região Norte da capital, na divisa com Santa Luzia. O caso não é isolado. O local, que já era ponto de descarte clandestino de lixo e de entulho, tem sido usado, segundo moradores, para desova de animais mortos e até de corpos humanos.
O motorista Marco Aurélio Ferreira, 29, foi quem denunciou em uma rede social o descarte dos animais mortos. Até a tarde de segunda-feira (5), a publicação feita por ele já havia sido compartilhada mais de 6.000 vezes. Em outras denúncias ele chegou a filmar lixo sendo deixado na estrada.
Pela manhã, a reportagem do jornal O TEMPO percorreu um trecho de 2 km da via, onde foi possível encontrar, além dos animais, restos de equipamentos hospitalares, móveis, roupas, peças automotivas, aparelhos eletrônicos e outros.
Segundo uma moradora que pediu para não ser identificada, o lixo é fruto de descarte clandestino. “Não é só população que faz isso, não. A gente vê caminhões de empresas passando, e o pessoal realmente descarta tudo ali. É uma falta de respeito”, afirmou.
O aposentado e morador da região Aloísio Souto, 43, afirmou que semanalmente encontra animais vivos abandonados no local. Segundo ele, os bichos são “descartados” por pessoas que chegam de carro ao aterro irregular. Depois, os animais acabam perdidos na região. Souto afirmou já ter adotado cinco cães e dois gatos que vieram da estrada do Sanatório. “A gente vê uma coisa dessas e quer ajudar, mas não dá para adotar todos”, afirmou ele.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), informou que os animais encontrados mortos, mesmo em estado avançado de decomposição, não representam risco para a saúde pública. O órgão informou ainda que o recolhimento dos animais que ainda possam estar no local será feito pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), e os resíduos encaminhados ao aterro sanitário.
Moradores afirmam que Local é deserto
Uma moradora que pediu para não ter o nome publicado contou que a estrada do Sanatório se tornou um descarte de lixo após o fechamento de um asilo em 2012. Quase não há outras construções no local, e, com a desativação do asilo, a via ficou praticamente deserta. Hoje, moradores da região afirmam que têm medo até de transitar pela região.
“Nós temos medo demais daquele lugar. Não é só por causa de doença, porque é claro que tem. Mas a gente tem conhecimento também de que ali acontecem execuções, assaltos, e já encontraram até cadáver. Antes era mais movimentado, por causa do abrigo. Desde então, está um perigo danado. Quem mora por aqui, dá volta, mas não passa ali de jeito nenhum”, afirmou ela.
“É triste constatar que tão perto da gente algo assim está acontecendo. O lixo e o entulho são prejudiciais, mas a falta de humanidade dói mais”, lamentou uma moradora da região, que pediu anonimato.
Saiba mais
Polícia Civil. A reportagem do jornal O TEMPO questionou a Polícia Civil se havia alguma investigação em curso sobre o descarte de animais mortos na estrada do Sanatório, mas, até o fechamento desta edição, a corporação não havia localizado nenhum boletim de ocorrência sobre o assunto.
PM. Procurada na tarde de segunda-feira, a Polícia Militar afirmou que precisaria de mais tempo para levantar as estatísticas referentes descarte de cadáveres de seres humanos e possíveis execuções na região da estrada, conforme denunciaram os moradores.
Limpeza. A Superintendência de Limpeza Urbana afirmou que realiza a limpeza da estrada do sanatório a cada 15 dias, mas não informou qual o volume de lixo retirado do local.