Reportagem de Cindhi Belafonte
O calor intenso das últimas semanas, em que a temperatura atingiu a maior média para janeiro nos últimos dez anos, chegando a 34,7ºC no último dia 20, associado à falta de chuvas, está afetando o mercado de hortifrúti em Uberlândia. Itens como chuchu, pepino, abobrinha e batata tiveram aumento de até 333%, enquanto hortaliças de folha, como brócolis e acelga, sofreram depreciação de 37,5% por causa na redução da quantidade e da qualidade. A tendência, segundo os produtores, é que os preços continuem em alta se a estiagem persistir.
O orientador de mercado da Ceasa, Éder Júlio de Jesus, afirma que as chuvas da última semana, embora tenham ajudado a reduzir os efeitos da estiagem, não são suficientes para recuperar o potencial hídrico. “A seca e a intensidade do calor prejudicam a qualidade de muitos alimentos. No caso do tomate, o amadurecimento é intenso, o que faz com que ele se torne perecível mais rapidamente e, por consequência, aumente de preço. Já as hortaliças de folha, além de estarem murchas, têm diminuído de tamanho”, disse. Segundo ele, as perspectivas são preocupantes. “A expectativa é de aumento abusivo do preço dos produtos por falta d’água, no primeiro momento, e se a seca persistir, há o risco de as pessoas da cidade acabarem sem muitos alimentos”, afirmou.
Ronaldo Antônio Rodrigues Pereira é produtor de tomate em Uberlândia e afirma estar preocupado com a influência da seca em seus produtos. “Esse é um tipo de cultura muito sensível, que não está preparada para oscilações de temperatura e umidade. Com muito calor, o tomate amadurece mais rápido, mas há intensificação no número de pragas e insetos na lavoura. Já o excesso de água faz com que haja aumento da quantidade de fungos e bactérias”, disse.
Para Éder Júlio de Jesus, expectativa é de aumento abusivo do preço dos produtos (Foto: Cleiton Borges)Sacolões
Mesmo com a elevação do preço médio dos hortifrútis em Uberlândia, por causa da escassez de chuvas, consumidores ainda conseguem encontrar produtos sem reajuste. Eduardo Resende de Araújo é gerente de um sacolão no bairro Cidade Jardim, na zona sul da cidade, e explica que ainda não repassou o aumento para os consumidores para manter a clientela. “O preço diretamente do produtor tem variado conforme a demanda, então há dias em que os produtos estão mais baratos e outros dias em que estão mais caros. Mas, não podemos repassar essa oscilação, que, às vezes, acontece na mesma semana, para os clientes. Por isso, estamos segurando os preços, mas, se a seca persistir, teremos de reajustar”, disse.
A clientela confirma a afirmação do gerente. “As folhas e legumes não encareceram, mas estão com a qualidade inferior. Mesmo assim, procuro escolher os que estão melhores e comprar sempre, mesmo que seja em menor quantidade, para manter a alimentação saudável”, afirmou a dona de casa Soraia Barros.
Previsão do Tempo
Uberlândia voltou a registrar chuva em pontos isolados da cidade desde a última quarta-feira (21) e, segundo informações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), há previsão de pancadas de chuva, acompanhadas de trovoadas a qualquer hora do dia até o próximo domingo (1/2).
Nesta segunda-feira (26), a temperatura máxima registrada tinha sido de 30,4ºC e a mínima, 21,1ºC, segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Já na terça-feira (27), a temperatura deve ficar entre 18ºC e 29ºC, com umidade relativa do ar de 80%. A partir de quarta-feira (28), a mínima cai para 17ºC.
Preços
Hortifrúti | Valor até dezembro | Valor em janeiro |
Chuchu (caixa com 22 kg) | R$ 30 | R$ 130 |
Pepino (caixa com 22 kg) | R$ 25 | R$ 70 |
Abobrinha (caixa com 22 kg) | R$ 25 | R$ 80 |
Batata Lisa (saca com 50 kg) | R$ 60 | R$ 140 |
Tomate (caixa com 23 kg) | R$ 25 | R$ 60 |
Quiabo (caixa com 14 kg) | R$ 30 | R$ 50 |
Brócolis (dúzia) | R$ 40 | R$ 25 |
Acelga (grade com 30 Kg) | R4 25 | R$ 18 |
Correio de Uberlândia