A pandemia tem sido palco de muitas informações desencontradas e notícias falsas sobre a covid-19 e a eficácia das vacinas. Entre as populações indígenas não é diferente. A chegada de conteúdos falsos (fake news) tem atrapalhado o engajamento para a vacinação e, desde o início da vacinação, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) iniciou a campanha Vacina Parente! para incentivar que todos se mobilizem para tomar o imunizante.
A pandemia matou mais de 1.020 índios, população comprovadamente mais vulnerável a doenças respiratórias. A vacinação é a principal medida para impedir que mais pessoas sejam vitimadas. Em vídeo institucional que tem circulado, vários indígenas encorajam os parentes a serem vacinados. Vanda Ortega, do povo Witoto, primeira indígena a ser vacinada no Amazonas, e a liderança Nicélio Rodrigues, do povo Jiahui, incentivam os indígenas a serem imunizados.
Nesta semana, a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, publicou um vídeo em que pede ajuda para que todas as instituições envolvidas com as populações tradicionais incentivem a vacinação.
Até agora, pelos números da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), cerca de 295 mil indígenas receberam pelo menos a primeira dose. Há também outra realidade: a dos indígenas que querem ser vacinados e não são autorizados porque estão fora das aldeias ou de áreas demarcadas. Toda a população de índios do Piauí, por exemplo, não conseguiu receber a dose do imunizante, porque no estado não há terras homologadas.
No entanto, há decisão do Supremo Tribunal Federal estabelecendo que todos os povos indígenas, mesmo os que moram nas cidades ou que não estão em áreas demarcadas, devem ser vacinados. A determinação é do dia 16 de março, proferida pelo ministro Luís Roberto Barroso.
Procurada, a Sesai ainda não informou se iniciou a vacinação em populações que estão fora das terras indígenas.
Ouça aqui a reportagem da Radioagência Nacional