Os números ainda não são oficiais, mas é lamentável a situação vivida pelos produtores de soja no Município de Capinópolis.
O cenário para a commodity era um dos melhores durante o mês de fevereiro, quando se falava em alta produtividade e bons preços para aqueles que colhiam de forma antecipada.
Entrou o mês de março e a vida dos produtores que era só ansiedade e boas expectativas e passou a ser de pânico e desespero, onde em algumas propriedades a perca já chega a patamares superiores aos 50%.
Segundo dados apresentados pela Agrônoma da Emater, Valdeny Maria da Luz, em fevereiro desse ano choveu 200 milímetros de acumulado, e só nos primeiros 9 dias de março já havia chovido 300 milímetros de precipitação. “Temos a informação que o que choveu nos primeiros dias de março já é um recorde se observamos do ano 2000 para cá, onde o maior volume foi em 2005 com acumulado de 282 milímetros”, disse Valdeny. “A continuar dessa forma alcançaremos o recorde de 1991, quando em Capinópolis choveu 669 milímetros no mês de março”, completou.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Capinópolis, Paulo Henrique Fontoura visitou algumas empresas que atuam no recebimento do grão para verificar sobre a qualidade da soja e o desconto em termos de umidade, sendo constatado que algumas empresas não recebem o grão que tenha mais de 15% de umidade, e outras agindo com solidariedade para que a perca não seja maior, abriu mão e recebe o grão com umidade superior.
“A perca de soja no campo já atingiu patamares de 30%, isso não tem recuperação, mas o que está sendo descontado do produtor na hora da entrega eleva ainda mais o prejuízo do produtor de Capinópolis”, disse Paulo Henrique. “Era para ser o melhor ano desde a última década em termos de lavoura, pois temos uma grande produtividade e bons preços, mas tudo está literalmente indo por água abaixo”, completou Paulo Henrique.
Outro problema detectado pelo presidente do Sindicato é quanto ao excesso de chuva nas estradas, onde a própria Prefeitura tem sido acionada pelos produtores quanto a pontes danificadas e locais intransitáveis. “Já conversei com a prefeita de Capinópolis, Dinair Isaac, e passei a ela esse problema, mas ele disse que a Secretaria de Obras já está atenta e solucionado o problema em alguns setores com maior emergência, mas disse a Ela que a situação de Capinópolis já é de calamidade pública e que a gravidade desse problema terá tristes conseqüências em termos de economia”, completou o presidente.
Segundo informações do produtor rural Liviston Fontoura, em sua propriedade o índice de precipitação foi maior, chegando aos 400 milímetros.
Para Francisco Junior, da Secretaria Municipal de Agricultura de Capinópolis, o excesso de água está danificando estradas e pontes, além do caso de algumas curvas de nível dentro das propriedades.
No Sindicato Rural de Capinópolis o clima é tenso, e cada produtor que consegue colher um caminhão de soja tem motivo para comemorar. “Essa é a rotina do produtor rural, quando tem boa safra não tem preço, e quando o preço está bom não tem safra pra colher”, desabafou Paulo Henrique.