Um alerta à importância da doação de órgãos coloriu as ruas e o céu de Belo Horizonte, na manhã deste sábado (25). Durante a campanha “Setembro Verde”, que é celebrada em referência ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, que será comemorado na próxima segunda-feira, centenas de carros participaram da uma carreata nas ruas da capital, enquanto balões eram soltos ao vento.
A carreata saiu da região hospitalar e percorreu várias ruas da região Centro-Sul da cidade. No final do evento, a banda do Corpo de Bombeiros (CBMG) animou o evento, enquanto os balões verdes compunham o cenário.
A ação foi realizada pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos maiores centros transplantadores de Minas Gerais. Participaram funcionários do hospital, transplantados e apoiadores da causa.
A médica sanitarista e superintendente da instituição de saúde, Andrea Maria Silveira, frisou a importância da iniciativa. “Nosso intuito é chamar atenção das pessoas para a importância da doação de órgãos e para ela assumir para a família esse interesse”, enfatizou.
O comerciante aposentado Neuci Belo, de 73 anos, fez questão de participar da carreata. Ele é transplantado de fígado. “Tem 17 anos que fiz meu transplante e dou graças a Deus. O transplante me deu uma segunda chance. Eu, como ninguém, sei da importância que é receber um órgão. Por isso, apoio a causa”, comentou.
A enfermeira e neuropsicóloga Maria Emília, de 38 anos, é doadora oficial de órgãos. Junto com a familía ela também participou da carreata. “Transplante salva vidas. Por isso, abraço essa causa que não pode ser esquecida”, enfatizou.
Fila de transplante
De acordo com o último relatório da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), só em Minas Gerais, 5.218 pessoas aguardam na fila.
“Essa é uma fila muito grande. Com a pandemia tivemos um redução significativa no número de tranplantes. Esse evento tem o intuito de reforçar na população o interesse da doação,” salientou o médico e diretor do MG Transplantes, Omar Lopes.
Impactos da Covid
A pandemia impactou negativamente no número de transplantes de órgãos, conforme o Ministério da Saúde.
Para se ter ideia, até agosto deste ano, foram realizados, no Hospital das Clínicas, 98 transplantes. Em todo o ano de 2020, foram 155 e, em 2019, 286 procedimentos. Na lista estão transplantes de coração, rim, fígado, medula óssea e córneas.
A queda ocorreu devido à adoção de avaliações ainda mais criteriosas pelas equipes médicas, como a implementação de testagem para Covid-19 em possíveis doadores, e não realização de transplantes de órgãos retirados de pessoas que morreram da doença.
Para ser um doador
Segundo o médico e diretor do MG Transplantes, Omar Lopes, existem dois tipos de doadores: os que realizam as doações em vida, como é o caso dos transplantes de rins, fígado, pulmão e medula, e as doações realizadas após a confirmação da morte, como córnea e coração.
“O principal passo para ser um doador é falar para a família sobre esse interesse. Nos casos em que as doações podem ser feitas em vida, a pessoa deve procurar os setores responsáveis e se cadastrar no banco de dados”, explicou.
Para ser um doador de medula óssea, o interessado deve procurar o Hemominas de sua cidade. Em Belo Horizonte, basta ligar no telefone (31) 3768-4500. O atendimento é realizado de segunda à sexta, das 7h às 18h na capital.
Orientações de como se tornar um doador de demais órgãos podem ser recebidas em contato com o Hospital das Clínicas, pelo número (31) 3307-9300. O atendimento é realizado 24 horas.
Online
Nos dias 27, 28 e 29 de setembro, a UFMG vai realizar o seminário online “Doação de Órgãos, Células e Tecidos para Transplantes”. As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas neste link.