Um dos traços culturais mais marcantes da identidade de uma região e de sua população é, sem dúvida, sua culinária. Quem, ao viajar para uma outra região, já não se deliciou com pratos típicos e doces, os quais tornaram essa região marcante na memória e objeto de desejo para um futuro retorno?
Tendo como objetivo mesclar a tradição, a sabedoria culinária popular dos habitantes mais antigos e — porque não— os melhores sabores regionais, a Casa de Cultura de Canápolis nesta quarta-feira (14), no período da manhã, a segunda ação aprovada da 7ª. Jornada do Patrimônio Cultural, o evento “Culinária e Patrimônio 2019”.
Reunindo os idosos do Centro de Convivência do Idoso de Canápolis, o objetivo foi montar uma cozinha no antigo estilo rural das fazendas e vilarejos da região, com panelas de ferro, tachos, pilões, moedores e talheres e demais utensílios de época, bem como o resgate memorial da preparação de pratos mais tradicionais, com os temperos típicos comumente empregados, as características de preparação e os famosos “segredos” que os mais antigos guardam a sete chaves. A Equipe do Setor de Patrimônio da Casa de Cultura, caprichou nos detalhes.
Na roda de conversas em torno do tema com os idosos, destacamos os seguintes depoimentos:
“Hoje em dia, por conta da correria e dos muitos afazeres, poucas pessoas se dedicam à cozinha. A maioria dos pratos já vêm prontos e muita coisa da arte de cozinhar bem vai se perdendo com o passar do tempo. Esse evento me fez recordar os tempos em que ajudava minha mãe na cozinha, preparando a comida para toda a família e aqueles doces típicos que só nossa região tem”, afirmou Zilda Borges.
“Esse evento me fez recordar como era a cozinha lá em casa quando eu era criança. Não havia fogão a gás, microondas e outras modernidades. Todos os dias tínhamos que pegar lenha para acender o figo, lavar as pesadas panelas de ferro com areia e sabão caseiro e limpar muito bem o moedor de café e o pilão. Isso porque minha mãe, toda orgulhosa, adorava mostrar uma cozinha impecável a quem chegasse para nos visitar. As panelas e demais utensílios tinham que estar todas arrumadas na prateleira e brilhando! Era trabalhoso, mas é uma recordação que nunca me sairá da memória”, afirmou Vilma Borges.
“Tinham que estar todas arrumadas na prateleira e brilhando! Era trabalhoso, mas é uma recordação que nunca me sairá da memória”, concluiu Vilma.
Dona Maria Rodrigues Fernandes, recordou sobre o forno que sua mãe usava para fazer as quitandas da semana e dos alimentos que fazia usando o pilão, falou com saudades da canjica e de vários outros.
Contando com a apresentação do Coral Vozes & Cores o evento é mais um entre os vários que a Casa de Cultura de Canápolis tem promovido para reforçar a memória (patrimônio imaterial) e as características culturais de nossas tradições.
Segundo a professora coordenadora da Casa de Cultura de Canápolis, Alessandra Pidruca, a consciência de um povo é capaz preservar laços culturais do passado para construir o futuro. “Afinal de contas, um povo desenvolvido e consciente é aquele capaz de se inspirar para construir um futuro, realizar intensamente no presente e preservar a herança cultural de seu passado, de suas tradições e de seus ancestrais”, finalizou a coordenadora.