Como na vida real, o mundo virtual exige certos padrões de comportamento que nos impede de pagar mico ou passar uma imagem equivocada às pessoas. No caso dos relacionamentos a dois, deve-se tomar cuidado redobrado –o excesso de exposição pode colocar um ponto final precoce no mais promissor dos romances. Veja dicas:
Mudança de status
O rolo ou caso evoluiu para um namoro. Qual o momento certo de anunciar o compromisso na rede? “Há pessoas que não se preocupam com esse tipo alteração, outras dão muito valor”, afirma a psicóloga Regiane Machado. Para evitar expectativas e aborrecimentos desnecessários –um mudou o status e o outro não, por exemplo–, os especialistas aconselham conversar antes sobre o assunto.
Segundo a psicóloga e coach Cristiane Moraes Pertusi, não há um critério rígido quanto à maneira de expor seu status relacional, porém, é importante que o casal discuta sobre as mudanças e a forma de anunciá-las nas mídias –de preferência, juntos. “Qualquer relação amorosa deve ser construída à base de bons diálogos, sem receios de perguntar sobre como cada parceiro se sente”, conta. Alexandre Bez, psicólogo e especialista em relacionamentos pela Universidade Miami (EUA), diz que se negar a mudar o status indica uma atitude desleal, de quem parece estar à caça de alguém melhor.
Perfil conjunto
Para muitos casais, um único perfil para o par é uma maneira de reforçar os laços afetivos –soa como se anunciassem ao mundo que se dão tão bem que são praticamente um só. Para outros, ter uma conta virtual conjunta ajuda a blindar o relacionamento contra investidas externas. O primeiro caso, de acordo com Cristiane, é mais coerente para adolescentes. “É uma forma de demonstrar e reafirmar seu relacionamento para os amigos. Faz parte da idade e é perfeitamente justificável”, declara.
Para adultos, entretanto, a atitude corre o risco de soar infantil. “E é preciso prestar atenção em relação à individualidade. Um casal pode ter uma turma em comum, claro, mas há os amigos de cada um, com seus assuntos e interesses próprios”, diz Regiane. Sem contar que o perfil conjunto pode prejudicar contatos e oportunidades profissionais, pelo caráter excessivamente pessoal. Sobre a perspectiva de afastar possíveis rivais, Cristiane declara que a artimanha é ilusória. “O fato pode se tornar um atrativo para quem não tem critérios muito éticos em suas paqueras”. As mesmas dicas valem para quem tem perfil individual, mas faz questão de ilustrá-lo com uma foto do casal. Para Regiane, tanta insistência em exibir o amor pode passar recibo de insegurança.
Entre tapas e beijos
Há quem faça de seu romance um verdadeiro reality show: a cada briga ou fora (dado ou levado), a pessoa faz questão de anunciar a novidade nas redes sociais. Às vezes, os amigos mal têm tempo de elaborar a situação e o casal esquentado já fez as pazes. Segundo Cristiane, essas manifestações funcionam como uma espécie de desabafo, mas nem sempre têm resultado positivo: a impulsividade pode gerar comentários cheios de raiva dos envolvidos e outros bem indiscretos ou inconvenientes, e esses são impossíveis de controlar.
“Estamos vivendo um momento em que as pessoas se confundem sobre quais são os limites entre o que se deve manter na intimidade e o que se deve expor. Mas, infelizmente, a tendência aponta em direção à exposição excessiva”, afirma Regiane. O ideal é dar um tempo para avaliar como a situação evoluirá, para escolher compartilhar o desfecho nas redes sociais ou não. “Os internautas que mais se mostram são os que costumam dar margem às discussões com o parceiro”, conta.
Por outro lado, tenha moderação ao postar frases apaixonadas, fotos dos dois, comemorações virtuais de namoro e músicas melosas. Há o risco de você passar a imagem de alguém imaturo.
Vigiar, em vez de cuidar
Para os especialistas, seguir todos os passos do ser amado nas redes sociais revela baixa autoestima e insegurança –e, aos olhos de quem trabalha com você, falta do que fazer. “Em alguns casos, há ansiedade e ciúme. Por causa deles, a pessoa passa a viver muito mais a vida do outro do que a própria, deixando de se dar o devido valor e de ter um relacionamento saudável”, diz Regiane. Qualquer comportamento de controle compromete a espontaneidade nas relações afetivas e prova que não há confiança básica. “E essa é uma das condições essenciais para relacionamentos saudáveis”, conta Cristiane.
O psicólogo Alexandre Bez explica que esse tipo de comportamento nem sempre tem a ver com amor, mas com a necessidade de ter o outro por insegurança e carência. No quesito etiqueta, a vigilância virtual se enquadra ainda nos casos em que a pessoa acaba cobrando determinadas atitudes da outra em público –perguntando em plena “timeline” quem é “a baranga que marcou aquela foto”, por exemplo. Imaturidade, falta de educação e incapacidade de resolver conflitos na intimidade são apenas algumas das impressões provocadas por esse tipo de atitude.
Fim de papo
Para quem gosta de se exibir, se cada passo do relacionamento foi compartilhado nas redes, é óbvio que o fim do romance terá o mesmo tratamento –porém, com direito a detalhes sórdidos e, claro, muitas fotos de baladas e momentos ao estilo “curtindo a vida adoidado”. Mais do que se vingar e alfinetar o “ex” ou a “ex”, a proposta é mostrar que saiu por cima, mesmo que tenha levado um tremendo fora.
“Demonstrar sentimentos ou imagens irreais, diferentes do que você realmente está sentindo pode fazer com que os outros tenham uma ideia errada do seu estado”, diz Cristiane. A tentativa de provocação, de ferir o outro e de exibir superioridade mostram justamente o contrário: orgulho ferido e despeito. É uma demonstração de falta de bom senso. “Quem realmente estava em uma relação por amor, não esquece ninguém assim, da noite para o dia”, diz Regiane.
Fonte: http://mulher.uol.com.br/comportamento