O assassinato de um casal de idosos dentro da residência onde moravam no bairro Arquipélago Verde, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, chocou familiares e vizinhos das vítimas. O crime aconteceu por volta das 22h de terça-feira (2), mas só foi descoberto na manhã desta quarta-feira (3), quando um dos filhos foi até a residência.
Raimundo Gonçalves de Oliveira, de 75 anos, e Joana Alexandre de Oliveira, de 70, foram mortos no quarto, quando já se preparavam para dormir. O assassino arrombou a porta da sala e surpreendeu o casal. Segundo a Polícia Civil, o idoso levou cinco tiros, e a esposa levou outros três. Nenhum pertence da residência foi levado, o que, segundo o delegado de Homicídios de Betim, Rodrigo Rodrigues, praticamente descarta a hipótese de latrocínio (roubo seguido de assassinato).
Ainda de acordo com o delegado, a principal suspeita até agora é que o crime tenha ocorrido em função de uma disputa judicial pelo terreno onde o casal morava.
“Ainda estamos levantando todas as informações, mas o que já posso adiantar é existe um conflito de terra na região. As vítimas seriam posseiras do local há mais de 20 anos e estariam enfrentando uma disputa judicial pelo terreno, que está em litígio. Segundo informações que apuramos, o casal teve parte desse terreno tomado e cercado há aproximadamente um ano. E como nada foi levado da casa, a hipótese de latrocínio está praticamente descartada”, afirmou o delegado.
Um dos filhos do casal, Romilton Gonçalves de Oliveira, 51, descreveu o pai e a mãe como pessoas tranqüilas. Ele também confirmou que há uma briga judicial pelo terreno. “Existe um processo judicial contra uma empresa, que diz ser responsável pelo terreno. Esse local está na posse da minha família há mais de 50 anos. A empresa abandonou o terreno e meu avô é quem tomava conta, e depois passou para os filhos. O meu pai é quem estava à frente do processo. Não posso dizer que o crime foi por causa disso, mas como tem o processo em curso, então a primeira coisa que a gente pensa é que foi devido a isso. Não levaram nada da casa, mas só quem pode dizer a verdade é a polícia”, contou.
Ainda de acordo com Romilton, Oliveira, também existe uma briga por um lote a alguns metros da residência. “Sempre aparece gente dizendo que é dono do terreno, que também é nosso. O que a gente espera agora é que seja feita justiça. Nós nunca mais teremos os dois de volta. Meu pai sempre lutou por esse terreno. Já vieram várias vezes tomá-lo da gente. O sonho de vida dele era ter a posse definitiva dele”, contou.
Os vizinhos também lamentaram a morte do casal. Segundo a cabeleireira Débora Santos, 26, os idosos eram muito tranqüilos. No dia do crime, a vizinha chegou a ouvir o barulho dos tiros, mas pensou em se tratar de fogos ou relâmpagos. “Estava chovendo, então, não pensei que fossem tiros. Moro aqui desde o ano passado e esse bairro é muito calmo. Os dois eram muito tranqüilos. Sempre quando levava meus meninos para pegar o escolar, eu encontrava com eles. Por isso, fiquei assustada com o crime, principalmente pelo fato deles serem idosos e da forma como aconteceu. Estamos chocados”, disse.
O montador Webert Marques, 34, também ficou assustado com o crime. “Moro aqui há três anos e nunca tinha visto um homicídio no bairro. O casal era muito tranqüilo, pessoas do bem. De vez em quando, me dava abacate, mamão. Estamos assustados”.
Atualizada às 16h02