Um crânio encontrado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, registra o mais antigo caso de decapitação nas Américas, há 9.000 anos, diz estudo publicado nesta quarta-feira (23) na revista PLOS One. Os pesquisadores acreditam que o morto era membro do grupo local, o que indica que o sacrifício fez parte de um ritual e não de um troféu de guerra.
O enterro é composto de um crânio articulado, mandíbula e seis primeiras vértebras cervicais. Marcas de corte em forma de V foram observadas na mandíbula e na sexta vértebra cervical. A mão direita foi amputada e colocada sobre o lado esquerdo da face, com falanges distais apontando para o queixo, e a mão esquerda foi amputada e colocada sobre o lado direito do rosto com falanges distais apontando para a testa.
A datação indica que o crânio tem de 9.127 a 9.438 anos de idade. Assim, ele seria cerca de 4.000 anos mais antigo do que o registro anterior de decapitação na América do Sul, e 1.000 anos mais velho do que casos de decapitação na América do Norte. “O crânio pode ser inclusive o mais antigo com sinais de decapitação do mundo”, diz André Strauss, do Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, na Alemanha, principal autor do estudo. Pesquisadores da USP também participaram da pesquisa.